Diretor Ridley Scott acerta em narrar a história de um personagem
icônico, todavia falha na apresentação e construção do mesmo.
Vamos a análise!
Para quem conhece um pouco da história desse
imperador e estadista francês do século XIX, sabe que ele foi um
grande estrategista de guerra e um poderoso líder militar do seu
tempo, conquistando territórios e fama por todas as partes da Europa
com seus feitos. No entanto, como um homem de guerra, possuía um
temperamento não muito amigável nem tampouco era uma pessoa dócil. Ainda assim, o diretor desse decide optar por um caminho narrativo não
muito adequado para esta figura relativamente recente da nossa
história. Mas no que ele se equivoca na biografia desse líder,
ele capricha na parte técnica de forma espetacular e brilhante. E
com essa introdução, vamos destrinchar melhor esses pontos mais
abaixo.
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Joaquin Phoenix: atuação pontual. |
Um Napoleão 'generoso' demais. Que Joaquin Phoenix é um ator
brilhante disso ninguém tem a menor dúvida. Com um Oscar na mão do
filme 'Coringa', é deveras versátil e muito técnico. No entanto
nem sua veia cativante pode conter o roteiro que conduziu o
protagonista a um status de 'glamour' que fica evidente a dissonância
entre o guerreiro e sua personalidade totalmente estilizada no filme.
Scott decide ir por um caminho narrativo do qual claramente
percebe-se que o diretor queria trabalhar muito mais um personagem do
que uma história real de uma vida. E isso atrapalha a trama em
alguns pontos, por mesclar essa 'doçura' com batalhas épicas e
momentos que acabam se tornando rasos de tensão. Joaquim dá o
melhor de si no texto que lhe fora entregue, mas não consegue
aprofundar ainda mais a personalidade mais dura e marcante desse.
Isso fica evidente em praticamente todo o longa.
Batalhas
épicas e figurinos perfeitos. Alguns outros aspectos mais técnicos
da película direção e produção conseguem um feito que eleva o
patamar da produção a níveis épicos. As batalhas colossais estão
lá, juntamente com uma fotografia bem posicionada e coreografias de
luta muito bem feitas. Os 'takes' com os exércitos prestes a se
enfrentar são maravilhosos e bem colocados em tela. Há uma batalha
sobre o gelo em que a fotografia deslumbra o horror dos mortos nas
águas frias sob o comando estratégico de Bonaparte que é um
vislumbre visual impecável. Outro ponto marcante vai tratar sobre o
figurino dos personagens no longa. Vanessa Kirby está deslumbrante
como 'Joséphine', uma das esposas de Bonaparte. E em tudo nesse
quesito o filme entrega o melhor para aquela época. As ambientações
onde foram gravadas as cenas, os estilos de época e o auge da
revolução francesa estão lá com todo o bom gosto do diretor em
fazer o melhor tecnicamente falando. Verdadeiro deleite aos olhos dos
espectadores.
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Figurinos e fotografia belíssimos. |
Enfim, vale a pena ver o filme? RECOMENDADO! "Napoleão"
tropeça por quase desconstruir um líder forte e militarizado, mas
atenua esse equívoco com um vislumbre visual e fotografia
lindíssimos, com figurinos e cenas bem dirigidas de tirar o fôlego.
Joaquim Phoenix e Vanessa Kirby conseguem traduzir muito bem a ideia
do diretor, mostrando suas capacidades e talento. Um bom filme para
se ter uma ideia do quão importante essa personalidade da nossa
história foi. Arrisco dizer que indicações ao Oscar como ‘Melhor
fotografia’ e ‘Melhor figurino’ virão em 2024. Acredito que
valha sim o ingresso!
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