HOMEM-ARANHA: ATRAVÉS DO ARANHAVERSO (Avaliação 5/5 Excelente!)
‘Através do aranhaverso’ eleva ainda mais seu nível e traz uma
história muito mais profunda e cheia de camadas. Vamos a análise!
O primeiro longa faz uma apresentação ao aranhaverso de um dos
cabeças-de-teia mais legais juntamente com Peter Parker, que é
Miles Morales. O adolescente do Brooklyn também possui introdução
aos seus poderes parecidos com os outros porém ele é um jovem ainda
cheio de medos e no início de uma das fases mais importantes da
vida. E um dos muitos pontos que dá o tom dessa animação é que
ela foi muito bem escrita, pois Miles é extremamente carismático e
suas questões pessoais – principalmente quando os pais aparecem –
são tangíveis e palpáveis a qualquer pessoa que já viveu dilemas
nesse momento de sua trajetória. E é justamente isso que faz o personagem se
aproximar ainda mais do público tanto quanto Parker, pois além da
responsabilidade de ser um herói, ele ainda tem de encarar os
desafios cotidianos que permeiam a sua volta. Fora que o teor
artístico da primeira animação é estiloso, inovador e com uma
estética totalmente diferenciada das demais produções do gênero,
o que lhe rendeu o Oscar 2019 de ‘Melhor animação’ a época. E
agora temos a continuação dessa saga que consegue algo dificílimo
para as produções de ‘Hollywood’: superar e muito a obra
original. Darei detalhes sobre mais abaixo.
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Estilo artístico moderno e arrojado. |
Aprofundamento da narrativa e dos conceitos que permeiam o que é
ser um ‘Homem-Aranha’. Não só a complexidade do roteiro em
introduzir os conceitos sobre esse multiverso, mas a apresentação
mais elaborada de SpiderGwen trouxe novas direções para a história
que fazem o espectador entender as bases de cada um desses universos.
A introdução com a trama de Gwen é majestosa e dramática ao mesmo
tempo. Isso já converte o tom da animação em algo tracejado
para um publico mais adulto logo de início. No entanto, as
explicações e nuances do longa conseguem alcançar espectadores de
todas as idades de maneira geral sem prejudicar em nada o andamento da
trama. É de impressionar ver como os diálogos são bem trabalhados
a ponto de não serem extremamente infantis e nem demasiadamente
pesados para os pequenos, que irão entender o filme mesmo com os
temas densos que ele oferece por vezes. Os roteiristas souberam
introduzir muito bem as falas e as cenas em prol de criar camadas que
verbalizam um entendimento amplo das situações apresentadas na
animação. Junta-se isso ao colorido frenético que a película
possui – que acrescenta doses interessantes ao que a narrativa se
propõe – e então temos o ‘tempero’ certo entre texto e
contexto dessa colossal aventura.
Estilo artístico mais uma
vez inovador. O padrão das animações atuais compreende em usar e
abusar de elementos de computação gráfica para caprichar ao máximo
nos conceitos básicos de representação dos personagens em tela. E
quanto mais a tecnologia avança, melhor esses detalhes e efeitos
ficam. Mas a equipe de ‘Através do Aranhaverso’ decidiu optar –
isso desde o primeiro longa – por uma camada a mais na computação,
usando doses de elementos multicoloridos fazendo parecer mesmo uma
história em quadrinhos escrita e desenhada na tela em tempo real. A
cartunização estlizada dessa vez cria uma ambiência narrativa para
cada contexto do longa. É como se as cores representassem o tom de
cada personagem, de cada personalidade inserida dentro do multiverso
aranha. E essa ‘psicodelia imersiva’ vejo como um grande
diferencial em relação ao primeiro e ao meu ver mais uma vez inova
em usar as cores não só como parte da grande história contada como
em aspectos minimalistas de cada subtrama apresentada ao longo. As
paletas usadas no conceito de destacar a história de cada um dos
protagonistas é ao mesmo tempo deslumbrante e encantadora. Traz foco
e autenticidade seja tanto a SpiderGwen, quanto Miles, Peter e outros
que englobam a grande narrativa do longa.
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Gwen e Miles com sua família. |
Pais e filhos versus super-heróis. O grande charme e, talvez, uma
das maiores qualidades dessa animação está no fato de termos
heróis jovens que tem família e cada um deles enfrentam seus
dilemas de formas diferentes. É como se o multiverso fosse a vida
real retratada em forma de universos paralelos entende? Os pais não
sabendo lidar com os dilemas adolescentes dos filhos (no caso de
Peter Parker vemos ele lidando com uma bebê de poucos meses e ainda
de colo), os filhos por sua vez não sabendo lidar com as novas
cargas de responsabilidades que os sobrevêm e tudo isso são
assuntos nossos do dia a dia nas diversas camadas da sociedade. O
paralelismo do multiverso com a realidade que nos cerca é tão
tocável que você sente a dor dos personagens, sente a doçura (o
Miles é de uma fofura e carisma sem medidas), o peso da idade deles
e quão grandes dores eles terão de enfrentar no futuro. Isso traz uma dualidade única entre o heroísmo dos protagonistas no filme e os reais
desafios que um jovem enfrenta no mundo real aqui fora. Traz verossimilhança a
níveis táteis e é por isso que essa produção é tão
deslumbrante e admirável.
Enfim, vale a pena ver o filme?
RECOMENDADÍSSIMO! “Homem-Aranha: através do aranhaverso” traz
camadas ainda mais profundas de nossos personagens favoritos, além
de conseguir introduzir novamente uma estética renovada e uma narrativa de
tirar o fôlego. O visual multicolorido e cartunesco é sempre o
enorme diferencial dessa película. É uma grande aquarela visual que
foi desenhada milimetricamente nas telas grandes em formato de
quadrinhos. Vá sem medo de se emocionar e se divertir. Vale demais o
ingresso!
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