sexta-feira, 19 de março de 2021

Filmes

 RAYA E O ÚLTIMO DRAGÃO (Avaliação 5/5 - Excelente!)


 Com uma apresentação primorosa e qualidade ímpar, nova animação da Disney figura como sendo das melhores do estúdio. Vamos a análise!
 Que a empresa do Mickey tem um portfólio altamente notável, isso todo mundo já sabe. São dezenas e mais dezenas de obras cinematográficas que beiram a perfeição e foram contempladas com várias premiações de peso ao longo dos anos. Mas, e quando ela ousa sair do convencional para atingir outros públicos e culturas? Assim como foi com ‘Viva – a vida é uma festa’ (que abordou temas relacionados a cultura mexicana), temos agora uma massiva animação sobre cultura chinesa (inclusive abrangendo um pouco de sua história do passado). E o resultado talvez não podia ser outro: extrema qualidade artística e muito respeito pelo material original da obra. Vejamos o porquê abaixo.
 Quando digo no parágrafo anterior sobre respeito, estou primeiramente me referindo a direção de arte tomada pelos designers para elaboração dos personagens. Eles certamente foram pensados para serem animados com características menos cartunescas (entenda: são modelos 3D reimaginados de pessoas chinesas, mas sem olhos grandes, pernas finas e outras características que o estúdio costuma usar para deixar pessoas ainda mais caricaturadas; isso que quero dizer) que o convencional da empresa. Isso porque certamente queriam evitar polêmicas com o governo chinês, público alvo e foco dessa obra. E isso na verdade acabou tornando o filme o mais belo possível, pois há um pouco de suavidade e manutenção na forma como usaram, de forma não canônica, todas as questões que envolveram sua antiga história, com divisão de reinos e suas rivalidades quase que poéticas. Nisso muitos games também já beberam e bebem até hoje dessa rica narrativa. E embora outras animações já tenham abordado esse tema, ver a Disney trabalhar isso com maestria e mantendo altíssima qualidade, é realmente muito prazeroso. ;)

A pequena Maya e seu pai.

 Um outro ponto tecnicamente muito relevante diz respeito a construção dos personagens. São retratados de uma forma tão colossal e bem delineada que você acaba criando vínculo (que é isso que um bom roteiro faz) não só com os protagonistas, mas com seus coadjuvantes também. E isso acontece aqui de forma brilhante, pois você consegue enxergar as motivações, crises, dores e sentimentos de cada um deles e torcer por eles, até mesmo quando você não aceita suas posições. É o caso por exemplo da ‘Namaari’. Ela cria um contraponto com ‘Maya’ que estabelece uma colisão de ideias muito interessante. Embora seja uma espécie de antagonista, sua luta e a construção de sua narrativa a justificam. Percebe como uma história bem contada traz luz ao emocional dos personagens ao ponto de, mesmo não concordando com eles, conseguir alcançá-los? Tanto ‘Maya’ quanto ‘Namaari’ são decididas, fortes e seguem seguras em direção as suas convicções. E isso vem mais uma vez para quebrar os paradigmas das ‘princesas’ da Disney, pondo mulheres corajosas (caso da ‘Elsa’ também, de ‘Frozen’) e não mais donzelas com aquele senso de fragilidade. Maya é construída de forma deslumbrante nesse sentido (e eu fiquei simplesmente apaixonado pelo seu design/personalidade <3). ‘Boun’ e ‘Sisu’ são outros dois destaques também. O primeiro por ser a parte fofa e dar o tom de leveza do filme. A segunda por sua importância na história e por ser um excelente alívio cômico. Ambos são coadjuvantes que agregam muito na narrativa e encantam igualmente por serem entendidas suas razões de estarem ali ajudando a protagonista a desenvolver seu arco. E quando os coadjuvantes conseguem esse feito, de contribuir para com o desenvolvimento dos protagonistas, certamente o roteiro está fazendo seu ótimo trabalho nisso. :)


O encontro com Sisu.

 As paisagens, vilarejos e os mais variados cenários tocam profundamente pela sua beleza quase que transcendental. A qualidade visual, o charme, a riqueza dos detalhes seja de uma floresta ou de um deserto beiram o insano. Não se poupou tecnologia nem esforços para entregar um material o mais fidelizado e bonito possível. A cada nova troca de cena eu me deslumbrava com tamanho esmero e cuidado na realização desse trabalho. O que fez a obra se tornar ainda mais impecável, em minha humilde opinião. ;D
 Enfim, vale a pena ver o filme? RECOMENDADÍSSIMO! A Disney mais uma vez se supera em entregar uma animação firme, sólida e baseado em uma mitologia e história rica e atemporal. “Raya e o último dragão” é uma deliciosa embarcação rumo a uma brilhante jornada épica cheia de respostas e transformações. O lindo e emocionante final traduz isso muito bem. Dessa vez eu recomendo muito mesmo. Vale cada centavo para assistir! :D


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