RAYA E O ÚLTIMO DRAGÃO (Avaliação 5/5 - Excelente!)
Com uma apresentação primorosa e qualidade ímpar, nova animação
da Disney figura como sendo das melhores do estúdio. Vamos a
análise!
Que a empresa do Mickey tem um portfólio altamente
notável, isso todo mundo já sabe. São dezenas e mais dezenas de
obras cinematográficas que beiram a perfeição e foram contempladas
com várias premiações de peso ao longo dos anos. Mas, e quando ela
ousa sair do convencional para atingir outros públicos e culturas?
Assim como foi com ‘Viva – a vida é uma festa’ (que abordou
temas relacionados a cultura mexicana), temos agora uma massiva
animação sobre cultura chinesa (inclusive abrangendo um pouco de
sua história do passado). E o resultado talvez não podia ser outro:
extrema qualidade artística e muito respeito pelo material original
da obra. Vejamos o porquê abaixo.
Quando digo no parágrafo
anterior sobre respeito, estou primeiramente me referindo a direção
de arte tomada pelos designers para elaboração dos personagens.
Eles certamente foram pensados para serem animados com
características menos cartunescas (entenda: são modelos 3D
reimaginados de pessoas chinesas, mas sem olhos grandes, pernas finas
e outras características que o estúdio costuma usar para deixar
pessoas ainda mais caricaturadas; isso que quero dizer) que o
convencional da empresa. Isso porque certamente queriam evitar
polêmicas com o governo chinês, público alvo e foco dessa obra. E
isso na verdade acabou tornando o filme o mais belo possível, pois
há um pouco de suavidade e manutenção na forma como usaram, de
forma não canônica, todas as questões que envolveram sua antiga
história, com divisão de reinos e suas rivalidades quase que
poéticas. Nisso muitos games também já beberam e bebem até hoje
dessa rica narrativa. E embora outras animações já tenham abordado
esse tema, ver a Disney trabalhar isso com maestria e mantendo
altíssima qualidade, é realmente muito prazeroso. ;)
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A pequena Maya e seu pai. |
Um outro ponto tecnicamente muito relevante diz respeito a
construção dos personagens. São retratados de uma forma tão
colossal e bem delineada que você acaba criando vínculo (que é
isso que um bom roteiro faz) não só com os protagonistas, mas com
seus coadjuvantes também. E isso acontece aqui de forma brilhante,
pois você consegue enxergar as motivações, crises, dores e
sentimentos de cada um deles e torcer por eles, até mesmo quando
você não aceita suas posições. É o caso por exemplo da
‘Namaari’. Ela cria um contraponto com ‘Maya’ que estabelece
uma colisão de ideias muito interessante. Embora seja uma espécie
de antagonista, sua luta e a construção de sua narrativa a
justificam. Percebe como uma história bem contada traz luz ao
emocional dos personagens ao ponto de, mesmo não concordando com
eles, conseguir alcançá-los? Tanto ‘Maya’ quanto ‘Namaari’
são decididas, fortes e seguem seguras em direção as suas
convicções. E isso vem mais uma vez para quebrar os paradigmas das
‘princesas’ da Disney, pondo mulheres corajosas (caso da ‘Elsa’
também, de ‘Frozen’) e não mais donzelas com aquele senso de
fragilidade. Maya é construída de forma deslumbrante nesse sentido
(e eu fiquei simplesmente apaixonado pelo seu design/personalidade
<3). ‘Boun’ e ‘Sisu’ são outros dois destaques também. O
primeiro por ser a parte fofa e dar o tom de leveza do filme. A
segunda por sua importância na história e por ser um excelente
alívio cômico. Ambos são coadjuvantes que agregam muito na
narrativa e encantam igualmente por serem entendidas suas razões de
estarem ali ajudando a protagonista a desenvolver seu arco. E quando
os coadjuvantes conseguem esse feito, de contribuir para com o
desenvolvimento dos protagonistas, certamente o roteiro está fazendo
seu ótimo trabalho nisso. :)
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O encontro com Sisu. |
As paisagens, vilarejos e os mais variados cenários tocam
profundamente pela sua beleza quase que transcendental. A qualidade
visual, o charme, a riqueza dos detalhes seja de uma floresta ou de
um deserto beiram o insano. Não se poupou tecnologia nem esforços
para entregar um material o mais fidelizado e bonito possível. A
cada nova troca de cena eu me deslumbrava com tamanho esmero e
cuidado na realização desse trabalho. O que fez a obra se tornar
ainda mais impecável, em minha humilde opinião. ;D
Enfim,
vale a pena ver o filme? RECOMENDADÍSSIMO! A Disney mais uma vez se
supera em entregar uma animação firme, sólida e baseado em uma
mitologia e história rica e atemporal. “Raya e o último dragão”
é uma deliciosa embarcação rumo a uma brilhante jornada épica
cheia de respostas e transformações. O lindo e emocionante final
traduz isso muito bem. Dessa vez eu recomendo muito mesmo. Vale cada
centavo para assistir! :D
Muito bom ��������
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