terça-feira, 5 de novembro de 2024

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ROBÔ SELVAGEM (Avaliação 5/5 - Excelente!)

 Nova animação da DreamWorks é de uma sublimidade de trama e roteiro sem igual. Vamos a análise!
 Há algum tempo o estúdio da 'Universal' tem nos trazido ótimas animações como os recentes 'Gato de Botas 2' e 'Kung Fu Panda 4'. Todavia vejo a produtora apostando alto e indo bem mais longe com este novo longa. Até porque ele não é uma história convencional. O núcleo principal da trama não é sobre 'mocinhos' e 'vilões'. Não é sobre quem 'vence' ou quem 'perde'. É uma jornada rumo a descobertas diárias da vida. Convívio, conhecimento, amizades, pertencimento, relacionamentos. É uma aula sobre a filosofia da vida interpretada por animais e robôs. E é exatamente isso que faz ela ser tão deslumbrante e peculiar. Veremos um pouco mais dos porquês nos parágrafos abaixo.

'Roz' e o pequeno 'Bico-Vivo': improváveis.

 A vida é o que sentimos. 'Roz', uma robô complexa náufraga em uma floresta decide se colocar em funcionamento programado para ajudar os 'habitantes' daquele lugar. Mas ela logo percebe que seus ajustes de nada funcionam por ali, tendo a própria robô que se adequar ao novo ambiente. Sem dar ‘spoilers’, essa é sem dúvida a primeira questão filosófica interessante: a de que nem sempre o ambiente nos favorece em nossas habilidades e muitas das vezes precisamos sim, em alguns casos, nos ajustar para poder conviver. Não falo de ambientes tóxicos e nem o filme em momento algum é sobre esse assunto. O que ele aborda é que mudanças em nós são necessárias em determinados ambientes, como por exemplo você sair da sua cultura local e ir morar em um outro local de cultura diferente da sua. É sobre isso que a narrativa discorre sobre a robô 'Roz'. Para o que ela foi programada, não havia utilidade ali. E ela teve que se reinventar para sobreviver. Texto sublime para extrair várias lições.
 O meio pode mudar você. Uma segunda questão filosófica riquíssima é como a 'Roz' se adapta ao meio por perceber que, ao resguardar um ovo de ganso, ela cria uma conexão com aquele animal de tal forma que entende que precisa protegê-lo, mesmo que em um plano inicial ela fique sem entender o porquê. Gansos tem a tendência de seguir quem os acompanhou desde antes do chocar dos ovos, e isso fez com que o ganso 'Bico-Vivo' achasse que 'Roz' era sua mãe. E uma outra grande jornada de descobertas se escala a partir daí. 'Roz' resiste, mas percebe que a vida é feita sim de laços improváveis que porventura podem se tornar grandes fontes de companheirismo e amizade no futuro. Somos o produto do meio em que vivemos. A ideia do filme é mostrar que o meio também é fator relevante na hora de separar quem amamos ou deixamos de amar. Tanto que 'Astuto', a raposa que a princípio começa com um determinado propósito, acaba sendo um excelente exemplo do quanto o meio pode nos transformar. É magnífica e singular essa interpretação.
 Convivendo com as diferenças em prol de um objetivo único. Cada animal da floresta tem seu próprio instinto de sobrevivência. Mas filosoficamente falando em uma terceira ideia do filme, as vezes se unir é melhor do que morrer. Sem 'spoilers' aqui mais uma vez, o senso comum faz com que as pessoas lutem em prol de um mesmo ideal, mesmo sendo tão diferentes umas das outras. É isso que faz um povo forte. É isso que 'Roz' fez no longa. (Um adendo: Ela 'descobriu' um novo meio ao qual ela pertencia e se sentiu acolhida por ele em um dado momento. Nem sempre 'pertencimento' é sinônimo de 'lugar comum'. E o desfecho do longa faz pensar bastante sobre isso). E é essa a mensagem claramente transmitida para a audiência: de que sim, somos capazes de enfrentarmos e vencermos dificuldades gigantes quando nos movemos em conjunto (mudanças em vertentes sociais, políticas, trabalhistas, falando sobre o mundo real) mesmo sendo nós tão diferentes em posturas, histórias e opiniões. O alvo maior em comum pode fazer, se quisermos e aceitarmos, nos unir em prol de uma vitória maior. Visceral essa mensagem do longa.

'Roz' e 'Astuto': ainda mais improváveis.

 3D entrega muito pouco pela incrível história que a película oferece. O recurso só aprofunda o belíssimo e encantador visual da animação. E nada mais. Acho que esse longa merecia um tratamento muito mais adequado pelo que o roteiro e a narrativa a que se propõe. Seus visuais e história são suficientemente belos e os óculos não acrescentam muito dessa vez. Fica a seu critério, caro leitor, dessa vez.
 Enfim, vale a pena ver o filme? RECOMENDADÍSSIMO! "Robô Selvagem" é uma animação sensível e tocante, pois poucas tratam de assuntos tão profundos e tão complexos com tamanha maestria. Além do deleite visual, o enredo oferece ainda mais questões filosóficas a se pensar. Eu destaquei algumas, meu amigo leitor. E aí, o que mais pode se acrescentar? Escreva aqui nos comentários. Belíssimo trabalho. Candidato fortíssimo a uma indicação ao Oscar 2025. Vale demais o ingresso!

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