DUNA - PARTE DOIS (Avaliação 5/5 - Excelente!)
Segunda parte do épico de Dennis Villeneuve consegue superar o
primeiro e trazer ainda mais consistência a narrativa. Vamos a análise!
O diretor desse longa é muito conhecido por ser bastante autoral em
suas obras. Uma de suas veias artísticas mais marcantes é como ele
usa a fotografia em seus filmes de forma sublime, dando um ar
superior à produção e gerando momentos realmente belíssimos em
tela. Esse cuidado com os detalhes o torna um dos grandes do nosso
tempo, pois seu minimalismo aliado aos recursos que o cinema oferece
nos propõe trabalhos tão incríveis como esse. "Duna" é
o exemplo de seu esforço homérico em traduzir um livro de várias
camadas e enorme em uma produção fina, ímpar e que extrai o melhor
que os livros têm a oferecer. Cada questão abordada no longa, sejam
elas políticas, sociais ou religiosas, são um deleite para todos os
fãs da obra literária e para os que não a conhecem tão bem.
Destrincharemos abaixo alguns pontos relevantes da segunda parte
desta memorável produção.
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Chalamet e Zendaya: excelentes. |
Elenco estelar muito bem direcionado. Desde o primeiro filme, o
elenco de "Duna" impressiona não só por ser bem escalado,
mas por cada um ter seu tempo de tela bem colocado em diálogos que
são relevantes para toda a trama. Uns com mais, outros com menos,
mas nenhum deles deixa de brilhar. E isso só é possível quando há
liberdade criativa e tempo de filme para se trabalhar. Ambos os
filmes tem mais de duas horas e meia de duração e esse fator soma
positivamente para se ter um escopo muito bem desenvolvido. Sempre
falo isso: o corte final da película pode até ficar com bastante
tempo, mas que seja assim para que o filme e seus personagens sejam bem
explorados em tela. E "Duna - parte dois" faz isso muito bem
também.
Atreides versus Harkonnen. Ponto central de todo o
longa, o conflito entre as duas famílias se afunila e vai se
tornando cada vez mais feroz e voraz na busca pelo poder. Uma
poderosa especiaria chamada 'mélange' é a base que mais sustenta
esse conflito. Como não há acordos entre as famílias sobre a
extração desse, uma guerra se trava entre eles, culminando em
várias reviravoltas ao longo e descobertas extremamente relevantes
para a trama. E o que chama a atenção nesse roteiro e no que trata
o livro é o quanto desde que o mundo é mundo as disputas por
terras, poder e a religiosidade em torno disso são tão comuns
quanto a trama do filme e dos livros. Temos recentes casos envolvendo
disputas - como é por exemplo EUA e China em tensão por conta de
Taiwan; pesquise sobre e verás várias semelhanças aqui. O que
quero dizer é que uma das obras de ficção mais relevantes do nosso
tempo aborda realidades que vivemos no mundo real. Portanto, nada de
novo no 'front'. Somos esmagadoramente envolvidos por situações tão
semelhantes quanto as que o autor do livro se debruçou para
escrever. Ficção e realidade se entrelaçam por aqui da forma mais
ímpar possível. Não há como negar.
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Elenco de altíssimo nível. |
Visuais deslumbrantes e caprichados. Outra coisa que impressiona
neste (no primeiro também) é a qualidade do CGI. Não somente as
locações das quais foram gravadas as cenas (em uma matéria vi
dizendo que onde eles gravaram o deserto toda a equipe e atores
acordavam cedo e só podiam gravar das 5 às 7 da manhã, devido o
lugar esquentar demais durante o dia), que são efeitos práticos,
mas toda a parte em computação gráfica é soberba, lindíssima e
ricamente detalhada. Realmente zero defeitos para o trabalho
artístico não só do diretor, mas para a equipe de efeitos
especiais. Como eu disse lá no primeiro parágrafo, Villeneuve ainda
tem por traço artístico a fotografia ímpar de seus filmes. Some
tudo isso e teremos um deleite visual dos mais icônicos da
atualidade.
Enfim, vale a pena ver o filme? RECOMENDADÍSSIMO!
"Duna - parte dois" é riquíssimo em elenco, história e
personagens - e ainda conta com a trilha sonora do magnífico Hans Zimmer. O diretor Dennis Villeneuve conseguiu extrair 'leite' de
pedra para compilar de forma tão satisfatória as informações mais
relevantes do livro de Frank Hebert. Realmente um trabalho impecável
para ser visto e revisto por muitos anos. Vale demais o ingresso!