MUSSUM - O FILMIS - Avaliação 4,5/5 - Excelente!
Aílton Graça dá vida a uma dos maiores e mais saudosos comediantes
do nosso tempo e esbanja talento em tela como ‘Mussum’. Vamos a
análise!
Quem aí tem mais de 40 anos pelo menos (ou até um
pouquinho menos talvez)? Eternizado na televisão brasileira como um
dos maiores programas de humor de todos os tempos e com sucesso
absoluto de público, ‘Os trapalhões’ nasceram em 1974 e
viralizaram - em uma época que essa palavra nem era usada – até o
ano de 1995 com suas esquetes simples e engraçadas e seus
personagens mais que icônicos. Quem aí não lembra do ‘Sargento
Pincel’, vivido pelo saudoso ator Roberto Guilherme? Ele e outros
tantos ali alegravam demais nossas vidas e nos faziam rir
despretensiosamente com um humor bobo e caricato. E dentre eles, o
primeiro a receber uma homenagem em forma de filme foi Antônio
Carlos Bernardes Gomes, mais conhecido por todos pelo cômico personagem ‘Mussum’ das telas. Nesta obra vamos conhecer não somente o
‘trapalhão’, mais toda sua trajetória de vida, desde sua
infância no Lins, Rio de Janeiro, até sua ascensão como o
comediante que todos nós conhecemos. E não foi qualquer trabalho
não. É um filme digno e de respeito baseado em um livro que conta
um pouco de sua história chamado ‘Mussum – Uma história de
humor e samba’. E como sempre faço, vamos destrinchar um pouco
abaixo as qualidades desta impecável projeção.
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Ailton: impecável no papel. |
Aílton Graça e grande elenco brilham. A caracterização e a
personalidade da pessoa de Antônio Carlos foi muito bem executada.
Muito talentoso, Ailton Graça traz a vida não só o personagem, mas
todas as nuances, momentos e desventuras da pessoa no papel de
‘Mussum’. Esbanjando carisma, sensibilidade e simpatia, o ator
protagonista consegue trazer ao público a emoção, as risadas e a
conexão com esse que alegrou tanto nossos domingos por muitos anos.
Trás relevância e senso de nostalgia imediatos para o público.
Outra atriz que chamou atenção para mim foi Cacau Protásio. Ela
interpreta a mãe de Antônio Carlos ainda criança e a faz com uma
sensibilidade incrível e forte. Mesmo usando sua veia cômica,
consegue entregar os momentos mais delicados da vida de Dona Malvina
Bernardes Gomes com esmero e intrepidez, sendo extremamente
competente nesse papel na primeira parte do filme. Neusa Borges
reproduz Dona Malvina da metade do segundo ato em diante e
protagoniza cenas tanto imperdíveis quanto engraçadas. Talentosa e
reconhecida atriz que é, também entrega tudo no papel. E não só
eles, mas o grande elenco deste filme é super bem entrosado,
mostrando todas as fases da vida do artista com detalhes e
peculiaridades que talvez muitos de nós não sabíamos. Parabéns a
todos pelo belo esforço.
Roteiro, edição e montagem
impecáveis. Não bastasse o elenco de primeira, o muito bem escrito
roteiro produz uma narrativa leve, cômica e dramática ao mesmo
tempo. Porém uma não suplanta a outra. Pelo contrário. Comicidade
e dramaticidade trabalham em sintonia em seus momentos certos sem
desgastar a trama nem incomodar o espectador. A direção de montagem
e edição são igualmente primorosas, pois todo o filme é
rigorosamente bem executado nessa parte. Os momentos em que Ailton e
demais atores interpretam ‘Os trapalhões’, há uma dinâmica bem
executada no formato das telas antigas de tubo de imagem que
abrilhanta e recria o vínculo dessa época. E esses são só alguns
detalhes desse bonito trabalho. Como não sou de fornecer ‘spoilers’
por aqui, dei só uma aguaçada em você, querido leitor, para
assistir e ver outros detalhes que abrilhantam ainda mais essa película.
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Cacau Protásio: cômica e comovente. |
Enfim, vale a pena ver o filme? RECOMENDADÍSSIMO! Considerado pela
minha pessoa como uma das melhores biografias de uma personalidade
brasileira, “Mussum – O filmis” não só traz essa essência
nostálgica como consegue nos fazer viajar no tempo décadas atrás
para contar a vida e a história desse icônico personagem que marcou
nossas infâncias e noites de domingo na televisão, além dos diversos
filmes que ele gravou junto ao elenco dos “Trapalhões”. Uma obra
rica, bem contada e com um desfecho emocionante. Para quem viveu esse
período, é ida certa ao cinema. Para os mais novos, uma pequena
demonstração de como fazer comédia sem ser apelativo. Vale demais
o ingresso!