DISNEY PLUS: RED - CRESCER É UMA FERA (Avaliação 5/5 - Excelente!)
Com uma narrativa que inicia simplória e se
torna muito complexa, nova animação da Disney estabelece um novo padrão de
produção para as mesmas. Vamos a análise!
Os estúdios ‘Pixar’ de algum tempo para
cá tem tentado de forma bastante significativa trazer conteúdos e produções
que, além de originais, geram algum frescor em seu contexto geral, tendo em
vista o investimento árduo em procurar outras culturas para abordar em suas
animações. ‘Viva – a vida é uma festa’ e ‘Luca’ são exemplos bem recentes
disso. Visto que essa nova visão da empresa aumenta e muito a diversidade no
seu portfólio e pode abrir precedentes para explorar aspectos culturais em
diversos níveis, o estúdio mais uma vez impressiona de uma forma extremamente
impactante com esta nova animação, que retrata aspectos da cultura chinesa, só
que fora do seu habitat natural. Com uma estrutura narrativa que leva o
espectador a camadas muito profundas de seus protagonistas – algumas por vezes
até bem chocantes –, o longa carrega consigo a proeza de ser, ao mesmo tempo,
sério, leve, dramático e amplamente metafórico em sua argumentação. E vamos
destrinchar um pouco dessas camadas nos parágrafos abaixo.
A história vai abordar uma família de tradições chinesas muito fortes e peculiares que vive no Canadá, e tem como protagonista uma menina de 13 anos chamada Mei Lee que segue a risca todos os ritos, posturas e costumes dessa parte da cultura asiática. Porém, por viver em um país estrangeiro e estar se tornando adolescente, o misto entre as mudanças do corpo somados aos fatores externos de uma vida completamente diferenciada daquela que ela está acostumada a viver em casa pulsam dentro de si e aquela menininha quer incessantemente crescer com isso a todo custo. E toda a forma como esses conflitos são abordados (incluindo sua transformação em panda vermelho, que irei mencionar mais abaixo), com um apelo enternecedor em uma boa parte de sua narrativa, conduz o espectador a uma profunda história sobre quebrar certos paradigmas muito entranhados na rigidez quase que petrificada de uma cultura em favor de escolhas que farão ser quem você realmente gostaria de ser. E confesso que nem todos os métodos que Mei Lee usa para isso são louváveis e aprovados para tal feito (e por mais incrível que isso possa parecer, está dentro de uma animação da Disney). Porém o nível do contraste entre uma mãe extremamente inflexível e uma filha que pulsa por querer ‘sair da bolha’ vão gerar uma das maiores tensões que eu jamais pude imaginar em algo que se remete de certa forma as crianças. O nível da abordagem da diretora Domee Shi – que por sinal é chinesa, cresceu no Canadá e isso diz muito sobre a profundidade do longa – é tão gritante que você chega no terceiro ato, já praticamente no clímax da trama, com vários sentimentos mistos entranhados que só vão se diluir na efetiva conclusão quando ‘espelhos’ são quebrados (isso é uma metáfora) e verdades são descortinadas para trazer a tona todas as motivações dos protagonistas. Sim, querido leitor, é algo que eu ainda não vi, nessa escala, em uma produção do estúdio. E a profundidade da dramaticidade deste roteiro pode gerar sentimentos dos mais variados no espectador, justamente pelo fato das camadas de severa seriedade em alguns pontos cruciais do filme. E falando do ponto de vista técnico, é sobremaneira genial tudo isso, pois é uma argumentação muito sólida e reflexiva sobre mudanças e sobre como entender que cada ser humano tem direito de ser sua própria persona, e não viver preso ao que se lhe é estabelecido seja por uma cultura ou o que for. É realmente impactante e o longa vai sim te ‘chacoalhar’ constantemente para isso, caro amigo que lê este texto (e acredito que este era sim o desejo da diretora, produção e roteiro quando tudo foi concebido).
Outro ponto altamente metafórico no longa diz respeito ao momento em que ela descobre que suas fortes emoções a fazem se transformar em um panda gigante vermelho. Esse ponto aqui tem várias interpretações diferentes. Uma delas é o fato de a volatilidade das fortes mudanças causadas pelo início da adolescência estão representadas na figura do cômico panda. E por mais que isso seja explicado como algo ancestral e que passou por gerações, não há dúvidas quanto ao fato de que isso representa a complexidade das mudanças de Mei Lee das quais elas simplesmente não está sabendo lidar. E é aí que um outro ponto entra. Mudanças as vezes podem ser duras e doloridas. E em um primeiro momento percebe-se claramente o quanto Mei Lee sofre com isso, provando que um outro conceito metafórico existente no panda é que a aceitação da sua realidade, seja ela qual for, não é tão simples quanto parece e que a forma mais satisfatória de lutar é compreendendo melhor o que está de fato acontecendo. Acho esses conceitos por parte de toda a produção de uma sublimidade e percepção tão profundas que fica difícil não tecer muitos elogios a forma minuciosa em que isso foi inserido na narrativa. E justamente o clímax acaba corroborando com tudo isso que narrei aqui, pois no fim é tudo sobre escolhas e aceitação da realidade (quem ver o filme vai entender exatamente o que falo aqui).
Enfim, vale a pena ver o filme? RECOMENDADÍSSIMO! Não vá esperando que "Red – crescer é uma fera" é uma animação tradicional entre bem e mal, heróis e vilões. Nada disso. Ela é profunda, coesa em sua argumentação e narrativa e toca em pontos extremamente peculiares sobre família (em especial aqui uma tradicional chinesa, mas servindo para todos nesse caso). Ela vai sim te chocar em alguns momentos, vai gerar fofura e ternura em outros – justamente para quebrar a tensão dos momentos mais intensos –, mas no fim vai trazer lições valiosíssimas sobre como o nosso meio influencia diretamente em nosso desenvolvimento como ser humano aqui nessa terra. Uma animação maravilhosa que merece ser apreciada com bastante carinho e atenção. Vale demais dar uma conferida.
![]() |
Momentos fofos de desespero rsrs |
A história vai abordar uma família de tradições chinesas muito fortes e peculiares que vive no Canadá, e tem como protagonista uma menina de 13 anos chamada Mei Lee que segue a risca todos os ritos, posturas e costumes dessa parte da cultura asiática. Porém, por viver em um país estrangeiro e estar se tornando adolescente, o misto entre as mudanças do corpo somados aos fatores externos de uma vida completamente diferenciada daquela que ela está acostumada a viver em casa pulsam dentro de si e aquela menininha quer incessantemente crescer com isso a todo custo. E toda a forma como esses conflitos são abordados (incluindo sua transformação em panda vermelho, que irei mencionar mais abaixo), com um apelo enternecedor em uma boa parte de sua narrativa, conduz o espectador a uma profunda história sobre quebrar certos paradigmas muito entranhados na rigidez quase que petrificada de uma cultura em favor de escolhas que farão ser quem você realmente gostaria de ser. E confesso que nem todos os métodos que Mei Lee usa para isso são louváveis e aprovados para tal feito (e por mais incrível que isso possa parecer, está dentro de uma animação da Disney). Porém o nível do contraste entre uma mãe extremamente inflexível e uma filha que pulsa por querer ‘sair da bolha’ vão gerar uma das maiores tensões que eu jamais pude imaginar em algo que se remete de certa forma as crianças. O nível da abordagem da diretora Domee Shi – que por sinal é chinesa, cresceu no Canadá e isso diz muito sobre a profundidade do longa – é tão gritante que você chega no terceiro ato, já praticamente no clímax da trama, com vários sentimentos mistos entranhados que só vão se diluir na efetiva conclusão quando ‘espelhos’ são quebrados (isso é uma metáfora) e verdades são descortinadas para trazer a tona todas as motivações dos protagonistas. Sim, querido leitor, é algo que eu ainda não vi, nessa escala, em uma produção do estúdio. E a profundidade da dramaticidade deste roteiro pode gerar sentimentos dos mais variados no espectador, justamente pelo fato das camadas de severa seriedade em alguns pontos cruciais do filme. E falando do ponto de vista técnico, é sobremaneira genial tudo isso, pois é uma argumentação muito sólida e reflexiva sobre mudanças e sobre como entender que cada ser humano tem direito de ser sua própria persona, e não viver preso ao que se lhe é estabelecido seja por uma cultura ou o que for. É realmente impactante e o longa vai sim te ‘chacoalhar’ constantemente para isso, caro amigo que lê este texto (e acredito que este era sim o desejo da diretora, produção e roteiro quando tudo foi concebido).
![]() |
A rígida mãe de Mei Lee. |
Outro ponto altamente metafórico no longa diz respeito ao momento em que ela descobre que suas fortes emoções a fazem se transformar em um panda gigante vermelho. Esse ponto aqui tem várias interpretações diferentes. Uma delas é o fato de a volatilidade das fortes mudanças causadas pelo início da adolescência estão representadas na figura do cômico panda. E por mais que isso seja explicado como algo ancestral e que passou por gerações, não há dúvidas quanto ao fato de que isso representa a complexidade das mudanças de Mei Lee das quais elas simplesmente não está sabendo lidar. E é aí que um outro ponto entra. Mudanças as vezes podem ser duras e doloridas. E em um primeiro momento percebe-se claramente o quanto Mei Lee sofre com isso, provando que um outro conceito metafórico existente no panda é que a aceitação da sua realidade, seja ela qual for, não é tão simples quanto parece e que a forma mais satisfatória de lutar é compreendendo melhor o que está de fato acontecendo. Acho esses conceitos por parte de toda a produção de uma sublimidade e percepção tão profundas que fica difícil não tecer muitos elogios a forma minuciosa em que isso foi inserido na narrativa. E justamente o clímax acaba corroborando com tudo isso que narrei aqui, pois no fim é tudo sobre escolhas e aceitação da realidade (quem ver o filme vai entender exatamente o que falo aqui).
Enfim, vale a pena ver o filme? RECOMENDADÍSSIMO! Não vá esperando que "Red – crescer é uma fera" é uma animação tradicional entre bem e mal, heróis e vilões. Nada disso. Ela é profunda, coesa em sua argumentação e narrativa e toca em pontos extremamente peculiares sobre família (em especial aqui uma tradicional chinesa, mas servindo para todos nesse caso). Ela vai sim te chocar em alguns momentos, vai gerar fofura e ternura em outros – justamente para quebrar a tensão dos momentos mais intensos –, mas no fim vai trazer lições valiosíssimas sobre como o nosso meio influencia diretamente em nosso desenvolvimento como ser humano aqui nessa terra. Uma animação maravilhosa que merece ser apreciada com bastante carinho e atenção. Vale demais dar uma conferida.
Gostou do conteúdo? Colabore com nosso trabalho com qualquer valor! Chave PIX: lopesgama79@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário