FREE GUY: ASSUMINDO O CONTROLE (Avaliação 4,5/5 - Excelente!)
Mas o que realmente começa a chamar a atenção no longa é em como tudo é trabalhado para que o muito bom roteiro crie condições do personagem de Reynolds se desenvolver como se fosse uma pessoa real. Ele começa a criar conexões, sentimentos e desejos que o torna muito diferente dos demais NPC’s do jogo. E quando você pensa que tudo isso não faz o menor sentido, pois você lida o tempo todo da projeção com cenas ‘in-game’ e fora dele também (onde os protagonistas humanos lidam com o jogo, com intrigas e com sua ligação em relação ao desenvolvimento do mesmo), vemos a narrativa dar uma ótima reviravolta em torno do porquê esse específico personagem se desenvolveu dessa forma e nos elucida de forma clara e sem quaisquer falta ou falha o que realmente aconteceu com ‘Guy’. O texto e os diálogos são viscerais e extremamente convincentes para nos dar a perspectiva do personagem ‘in-game’ sem perder o rumo e nem atropelar o roteiro, mostrando a importância de questionarmos quem somos na verdade através da visão de um personagem virtual. Um trabalho muito competente e bem elaborado que nos traz a memória de que sim, dá para fazer bons filmes baseados em jogos. É só procurar entender os conceitos daquilo ou daquele personagem que você está trabalhando. A ideia de dar protagonismo a um NPC in-game foi simplesmente genial e Reynolds tem uma habilidade única de construir esse universo através de sua ótima interpretação (vide o excelente ‘Deadpool’).
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Ryan Reynolds e Jodie Comer: ótima química! |
Aliás, interpretação essa que soa muito favorável quando você entende melhor o personagem. É incrível como ele – o ator – consegue transmitir para o público a figura de algo sem vida tão bem. Versátil, Reynolds tem protagonismo ímpar no filme e rouba muitas cenas dos protagonistas humanos. Cria empatia fácil e esbanja carisma e personalidade atuando. Outros bons destaques podem ser vistos também, como por exemplo a atriz Jodie Comer, que tanto interpreta uma programadora humana – uma das criadoras do jogo – quanto um avatar dentro do próprio jogo chamado ‘Molotov Girl’. Além dessa interação interessantíssima onde ela joga consigo mesma ‘in-game’, ainda há uma ótima química entre ela, dentro do jogo, e ‘Guy’. Suas aparições são ótimas e as missões que ela tem de fazer ‘in-game’ como personagem são extremamente divertidas e conduzem fortemente a narrativa até seu devido clímax. Taika Waititi, que interpreta ‘Antoine’ e é o CEO da empresa que criou o jogo, também esbanja carisma e produz um certo antagonismo interessante, onde aqui não é uma luta do ‘bem contra o mal’ e sim, mais um jogo de interesses e poder, onde sobreviver no mercado pode ser mais importante que a ética ou respeito ao colega. Visão bem peculiar que estabelece um bom contraponto com o personagem de Joe Keery, ‘Keys’, outro bom destaque também.
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Taika Waititi traz um antagonismo peculiar. |
Enfim, vale a pena ver o filme? RECOMENDADÍSSIMO! Ryan Reynolds prova o porque é um grande ator e está no topo do ‘mainstream’ de Hollywwod com essa divertidíssima e competente atuação. E ‘Free Guy: assumindo o controle’ se prova ser tão eficaz e funcional por apresentar games de uma forma tão irreverente e bem conduzida pelo diretor Shawn Levy. Uma ideia que deu muito certo e que faz jus a sua ida no cinema, caso seja fã do ator ou de games em geral. Vale muito o ingresso!