‘Zack Snyder’s Justice League’ é uma verdadeira carta de amor
aos fãs desses icônicos personagens do universo DC Comics. Vamos a
análise! ^^
O diretor Zack Snyder tem uma visão muito
peculiar em suas obras. Grande fã de quadrinhos, sua estética que
remete a este tipo de mídia está muito presente em seus filmes. E
quando ele foi contratado para iniciar um universo da DC nos cinemas
– que começou em 2013 com o muito bom ‘Man of Steel’ -, tudo o
que ele queria era externar da forma mais intencional e poética
possível suas colocações acerca de como ele vê essas obras e seus
personagnes tão icônicos que estão já arraigados no psiqué
humano de forma tão natural ao longo de todos esses anos. Quem não
conhece Superman, Batman, Mulher-Maravilha, Flash, Aquaman e cia? É
impossível ao menos não associar os nomes, mesmo que dificilmente
você não saiba quem são. E produzir algo no mesmo nível do que
seria a verdadeira homenagem a esses em forma de live-action
certamente seria o auge da sua carreira como diretor. Porém uma
série de divergências criativas com a Warner e o trágico incidente
familiar coibiu totalmente sua narrativa para a continuação desses
filmes. Mas o tempo passou e, após muitas especulações e pedidos,
cá estamos vendo o que posso chamar de um sofisticado e digno longa
que a Liga da Justiça tanto merecia ter. E vamos destrinchar todos
os porquês abaixo.
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Muito quadrinhos/animação essa cena! |
Primeiro item que posso destacar é certamente a narrativa
extremamente mais coesa e menos corrida em relação ao que foi
mostrado anteriormente. A condução e formação de cada personagem
da Liga foi minunciosamente detalhada e se consegue perceber
claramente as personalidades, intenções, alegrias, frustrações e
objetivos de cada membro. Cada longo ‘take’ com sua exuberante
fotografia revelando mais da identidade de cada um traduz exatamente
o que, ao meu ver, um bom filme deve ter: uma bela construção tanto
de protagonistas quanto de antagonistas para que o todo do filme faça
sentido. E sim, você chega na metade do filme entendendo exatamente
o que cada um é, seu espaço e conflitos pessoais no longa. A
concepção da Liga é feita por heróis que misturam seus poderes
com uma certa humanidade em cada um deles. E por isso a proposta de
desenvolver pausadamente cada um foi, ao meu ver, um decisão das
mais acertadas nesse projeto do Snyder. Até porque, além do 'Superman', nenhum outro teve seu filme solo para trazer sua história
para o grande público ('Mulher-Maravilha' e 'Aquaman' viram um tempo depois). E esse fator enriqueceu muito a narrativa
desse longa. Só se consegue ter conexão com a história e os
personagens se eles forem bem introduzidos. Do contrário, é um
amontoado de ótimos atores lançados em um roteiro que não os
justifica e nem cria empatia com seus personagens. E nisso o Zack
caprichou muito!
Outro ponto extremamente relevante fala sobre
a estética do filme. A postura cartunesca está presente tanto
quanto o enquadramento de uma cena de história em quadrinhos. E o
que isso quer dizer em termos práticos? Em muitas e muitas cenas,
percebe-se o cuidadoso trabalho dele em tanto trazer a forte
lembrança dos quadrinhos para as telas quanto remeter o espectador a
um desenho animado da ‘Liga da justiça’. Eu mesmo em muito
pontos me senti eufórico em perceber como seu tratamento e direção
trouxeram isso de forma escancarada em tela. Um verdadeiro presente
para os mais ávidos fãs de ambas as mídias, que puderam ver um
diretor fã trabalhando exatamente no que o fã quer ver: um cenário
apoteótico – digo isso de forma positiva, pois a Liga precisa
escorregar nesse termo – que reflete exatamente o poder de seus
protagonistas e que, além disso tudo, precisam unir forças e
trabalhar em conjunto para que cada um deles desempenhe bem sua força
no grupo. Quer mais desenho animado da Liga da Justiça que isso? ;D
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O imponente Darkseid / A tríade do mal! |
Sua mostra de como os heróis são e de como eles interferem na
sociedade como um todo e na cultura pop pode ser vista em cada um na
escolha desse elenco. Os perfis se encaixam tão bem que Henry
Cavill, Gal Gadot, Jason Momoa por exemplo, já transpuseram
barreiras e se tornaram ícones dentro de seus papéis. Por um bom
tempo ninguém vai querer ver outro Superman ou Mulher-Maravilha –
ou até mesmo um outro Aquaman – interpretado por alguém que não
sejam eles. Todos foram muito bem escolhidos pelo diretor (‘Cyborg’
de Ray Fisher, ‘Flash’ de Ezra Miller e ‘Batman’ de Ben
Afleck se incluem também), mas esses 3 que citei – que tiveram
filmes solo com os respectivos atores – se consolidaram firmemente
no ‘mainstream’ de Hollywood. Será que ainda poderemos ver Ben
Afleck e seu peculiar ‘Bruce Wayne’ em uma aparição solo? Há
todo um ‘plot twist’ no epílogo que aponta para isso. Por favor Warner, só faça acontecer. Obrigado.
Enfim, vale a pena ver o
filme? RECOMENDADÍSSIMO! A estética ímpar e muito peculiar desse
diretor trouxe a leveza e a densidade necessárias para que “Liga
da Justiça Snyder Cut” se tornasse de fato a obra definitiva e
extremamente bem estruturada desse universo. Além da excelente
construção de cada protagonista, as camadas de profundidade do
vilão ‘Lobo da Estepe’, suas reais motivações e desejos são
muito bem canalizados nesse. E a história de Darkseid, que começa
nesse e culminará no próximo – que assim seja – são
pontuadamente bem fundamentadas também. É impossível negar o
esmero e a profundidade da visão do diretor nesse. Um obra para ser
vista e relembrada por anos a frente. Só posso parabenizar o Snyder
pelo seu belo trabalho. Vale a pena demais assistir! ;)