terça-feira, 10 de março de 2020

Filmes

O HOMEM INVISÍVEL (Avaliação 4,5/5 - Excelente!)


 Thriller de suspense com terror psicológico põe um delicado tema em proporções gigantescas em tela. Vamos a análise! ^^
 Os filmes de terror mudaram. E ao meu ver mudaram pra melhor. Ao invés de ficarem expondo o mesmo tema batido de outros filmes do gênero mais tradicionais, Hollywood está reinventando fórmulas interessantes antes pouco exploradas para chamar a atenção de um público diferenciado para tal. ‘Corra’, ‘Nós’, ‘Um lugar silencioso’ são bons exemplos de que um novo escopo está se formando no horizonte. Ao invés da já saturada e batida pegada sobrenatural, está se apostando em outras vertentes do que pode ser considerado terror. Vertentes que não só criam ‘monstros’, mas filmes para se pensar. E esse caso aqui prova bem isso.
 ‘O homem invisível’ (reimaginação do clássico de 1933 para a atualidade) já começa por abordar um tema extremamente delicado e contemporâneo, que são as inquietações de um relacionamento abusivo. Porém sua abordagem, direção e produção cria camadas tão profundas quanto surreais. Mesmo após a insana e forçada separação, Cecilia (Elisabeth Moss) ainda continua a ser perseguida pelo passado do ex. Só que a forma dessa perseguição passa a ser aterrorizante e agoniante ao mesmo tempo, pois cria ao invés das camadas do terror tradicional, um terror psicológico incômodo e perturbador. Se por um lado o filme produz momentos intensos da ação de um sociopata doentio que vive em função do seu dinheiro e do seu ego voraz, por outro vemos os níveis dessa sociopatia em uma criação fantasiosa do mesmo para aterrorizar a vida da personagem principal. A aura exagerada em que se transcorre a narrativa deixa um rastro de reflexão e medo a respeito de até onde pode se chegar uma alma doentia. E é de fato esse exagero que faz a trama toda andar.
Elisabeth: impecável! ;)

 Elisabeth Moss protagoniza momentos dignos de Oscar em sua atuação. Consegue passar todo o pavor e genuíno desespero pela inusitada e incontrolada situação. Cada passo, cada susto, cada movimento é extremamente bem protagonizado pela atriz. Confesso que não me espantaria uma indicação dela a ‘Melhor atriz’, pois sua condução, competência e sensações são passadas ao espectador com maestria. Você sente de verdade a sua dor e a sua angústia é elevada até o âmago da alma pelo entorno do desconhecido. Simplesmente brilhante! ;)
 Oliver Jackson-Cohen, que faz o papel do ex de Cecilia (Elisabeth Moss), corrobora com a minha afirmação do parágrafo anterior e antagoniza momentos de intenso horror. Consegue ser frio, calculista, sádico e assustador. Sua atuação e entrega é em mesmo nível primorosa e intensa. Entrega tudo o que um verdadeiro sociopata é capaz de fazer com suas vítimas. Carrega seu personagem de insensibilidade, insensatez e um bocado de falta de senso. E obtém um excelente resultado em tela também! :)
Oliver Jackson-Cohen surpreende também!

 Os tons cinzentos, obscurecidos da paleta de cores mesmo quando o filme se passa de dia e a trilha sonora inquietante e subversiva cooperam em conjunto com toda a atmosfera do longa. É impossível negar que tanto a ambientação estrutural quanto a sonora elevam o clima de tensão a outros patamares e reverberam no público os mais variados instintos. A fotografia bem posta é mais um ponto a favor do bem escrito roteiro, pois em cada ângulo de câmera o terror é reproduzido mesmo antes de completar a cena, ajudando a dar ainda mais imersão a trama. Show! ^^
 Mesmo com toda essa interessante premissa, porém, há alguns pontos que ficaram sem resposta, como o porquê dele ter essa fixação toda por ela em específico (tanto que há o questionamento da própria protagonista, quando ela diz: ‘porque eu?’). O roteiro não reproduz, mesmo que por ‘flashbacks’, o tempo do relacionamento e essa parte entrou meio que no grau especulativo da coisa. Há outros poucos pequenos pontos também vagos, porém esses se expostos podem gerar ‘spoilers’ da película. Deixarei para você, leitor, talvez perceber também e questionar. Mas mesmo assim não retira os méritos louváveis do longa. ;)
 Enfim, vale a pena ver o filme? RECOMENDADÍSSIMO! O aspecto fantasioso e exagerado de “O homem invisível” ao abordar um assunto tão recorrente, delicado e atual faz desse filme uma verdadeira obra da sétima arte. A forma da discussão do tema foi conduzida de maneira fascinante pelo diretor Leigh Whannell. Um filme que tanto diverte quanto faz parar para pensar. Vale demais o ingresso! ;D


4 comentários: