O HOMEM INVISÍVEL (Avaliação 4,5/5 - Excelente!)

Thriller de suspense com terror psicológico põe um delicado tema
em proporções gigantescas em tela. Vamos a análise! ^^
Os
filmes de terror mudaram. E ao meu ver mudaram pra melhor. Ao invés
de ficarem expondo o mesmo tema batido de outros filmes do gênero
mais tradicionais, Hollywood está reinventando fórmulas
interessantes antes pouco exploradas para chamar a atenção de um
público diferenciado para tal. ‘Corra’, ‘Nós’, ‘Um lugar
silencioso’ são bons exemplos de que um novo escopo está se
formando no horizonte. Ao invés da já saturada e batida pegada
sobrenatural, está se apostando em outras vertentes do que pode ser
considerado terror. Vertentes que não só criam ‘monstros’, mas
filmes para se pensar. E esse caso aqui prova bem isso.
‘O
homem invisível’ (reimaginação do clássico de 1933 para a
atualidade) já começa por abordar um tema extremamente delicado e
contemporâneo, que são as inquietações de um relacionamento
abusivo. Porém sua abordagem, direção e produção cria camadas
tão profundas quanto surreais. Mesmo após a insana e forçada
separação, Cecilia (Elisabeth Moss) ainda continua a ser perseguida
pelo passado do ex. Só que a forma dessa perseguição passa a ser
aterrorizante e agoniante ao mesmo tempo, pois cria ao invés das
camadas do terror tradicional, um terror psicológico incômodo e
perturbador. Se por um lado o filme produz momentos intensos da ação
de um sociopata doentio que vive em função do seu dinheiro e do seu
ego voraz, por outro vemos os níveis dessa sociopatia em uma criação
fantasiosa do mesmo para aterrorizar a vida da personagem principal.
A aura exagerada em que se transcorre a narrativa deixa um rastro de
reflexão e medo a respeito de até onde pode se chegar uma alma
doentia. E é de fato esse exagero que faz a trama toda andar.
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Elisabeth: impecável! ;) |
Elisabeth Moss protagoniza momentos dignos de Oscar em sua atuação.
Consegue passar todo o pavor e genuíno desespero pela inusitada e
incontrolada situação. Cada passo, cada susto, cada movimento é
extremamente bem protagonizado pela atriz. Confesso que não me
espantaria uma indicação dela a ‘Melhor atriz’, pois sua
condução, competência e sensações são passadas ao espectador
com maestria. Você sente de verdade a sua dor e a sua angústia é
elevada até o âmago da alma pelo entorno do desconhecido.
Simplesmente brilhante! ;)
Oliver Jackson-Cohen, que faz o
papel do ex de Cecilia (Elisabeth Moss), corrobora com a minha
afirmação do parágrafo anterior e antagoniza momentos de intenso
horror. Consegue ser frio, calculista, sádico e assustador. Sua
atuação e entrega é em mesmo nível primorosa e intensa. Entrega
tudo o que um verdadeiro sociopata é capaz de fazer com suas
vítimas. Carrega seu personagem de insensibilidade, insensatez e um
bocado de falta de senso. E obtém um excelente resultado em tela
também! :)
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Oliver Jackson-Cohen surpreende também! |
Os tons cinzentos, obscurecidos da paleta de cores
mesmo quando o filme se passa de dia e a trilha sonora inquietante e
subversiva cooperam em conjunto com toda a atmosfera do longa. É
impossível negar que tanto a ambientação estrutural quanto a
sonora elevam o clima de tensão a outros patamares e reverberam no
público os mais variados instintos. A fotografia bem posta é mais
um ponto a favor do bem escrito roteiro, pois em cada ângulo de
câmera o terror é reproduzido mesmo antes de completar a cena,
ajudando a dar ainda mais imersão a trama. Show! ^^
Mesmo com
toda essa interessante premissa, porém, há alguns pontos que
ficaram sem resposta, como o porquê dele ter essa fixação toda por
ela em específico (tanto que há o questionamento da própria
protagonista, quando ela diz: ‘porque eu?’). O roteiro não
reproduz, mesmo que por ‘flashbacks’, o tempo do relacionamento e
essa parte entrou meio que no grau especulativo da coisa. Há outros
poucos pequenos pontos também vagos, porém esses se expostos podem
gerar ‘spoilers’ da película. Deixarei para você, leitor,
talvez perceber também e questionar. Mas mesmo assim não retira os
méritos louváveis do longa. ;)
Enfim, vale a pena ver o
filme? RECOMENDADÍSSIMO! O aspecto fantasioso e exagerado de “O
homem invisível” ao abordar um assunto tão recorrente, delicado e
atual faz desse filme uma verdadeira obra da sétima arte. A forma da
discussão do tema foi conduzida de maneira fascinante pelo diretor
Leigh Whannell. Um filme que tanto diverte quanto faz parar para
pensar. Vale demais o ingresso! ;D