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Poster só tem fera! ;) |
O mais novo filme do renomado diretor Quentin Tarantino faz jus ao legado de boas performances sob sua direção. Vamos a análise!
Tarantino tem uma estética bem peculiar em seus filmes e sempre retrata o período em que se passa suas obras com uma riqueza de detalhes ímpar. Cada ‘take’, cada foco, cada diálogo demorado e cadenciado, cada cena feita em plano-sequência, cada inversão de atos reflete um pouco da sua inventividade como diretor. E esse novo longa, onde ele transporta o espectador para o fim da década de sessenta, início dos anos setenta do século passado, aborda uma Hollywood a todo vapor na forma de um conto, de uma história fictícia do que ‘poderia ter sido, mas não foi’. E dentro dessa premissa vamos encontrar figuras extremamente caricatas como também personagens reais cujas histórias foram revisitadas sob a visão do diretor.
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Que TRIO meus amigos! Al Pacino, Brad Pitt e DiCaprio! :) |
Logo de primeira mão já destaco o olhar
mais detalhado de como funcionava – e ainda funciona – a ‘indústria do cinema’.
Vamos atentar para os personagens de Leonardo DiCaprio (Rick Dalton) e Brad
Pitt (Cliff Booth). O primeiro, um ator de filmes de velho-oeste (muito comuns
e recorrentes naquela época) tentando emplacar seu sucesso e se destacar no
mundo das celebridades daquele tempo. O segundo, um dublê e melhor amigo de
Rick, que está sempre bem disposto a manter sua postura quase que heroica de
suprir as demandas de seu também chefe e amigo. Note que o primeiro é uma
estrela muito bem paga que fica nos holofotes principais e tenta manter o
respeito e sua dignidade como ator. O segundo, geralmente pega as situações
mais pesadas e fica obscuro, vivendo a margem de seu mentor. O curioso é a
forma como isso é retratado, demonstrando a diferença de padrão de vida entre
um e outro, e fazendo se pensar o valor, ou quem sabe no sentido mais crítico
do diretor a falta dele concernente ao dublê, que está por trás das câmeras
fazendo seu papel mais árduo, porém é quem está a frente das telas que colhe os
louros do sucesso. Observei isso atentamente como uma sutil crítica a como essa
máquina funciona. E isso é tão automatizado em nossa mente que por vezes não
damos nem um pouco conta disso. E ainda tem um terceiro: Al Pacino, que
interpreta o personagem 'Marvin Shwarz', um empresário de olho nas tendências e
fazendo a ponte entre os contratos dos filmes e séries. Tudo isso temperado com
aquele humor bem sarcástico que só Quentin sabe fazer.
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Mike Moh interpreta Bruce Lee! Ótima performance! ^^ |
Vale também ressaltar que DiCaprio rouba
em muito momentos a cena com uma atuação espetacular e primorosa e faz jus ao
seu legado como artista. Ele é um ator real que interpreta um ator que atua.
Parece meio complicado de entender não é? (rsrs) Mas é isso mesmo. E sua
interpretação beira a perfeição com expressões e sentimentos que criam uma
altíssima empatia com seu personagem. O ‘timing’ das suas entradas, sejam elas
cômicas ou dramáticas, são incríveis. Congratulações ao ator por tamanha
qualidade e dramaticidade nas cenas! Já Pitt aposta suas fichas em procurar
interpretar a ‘versão perfeita do amigo perfeito’ e em muitas cenas o faz de
forma absurdamente criativa. Seu estilo calmo no falar, do tipo ‘sou da paz mas
não mexe comigo’ (rsrs) lhe rende ótimas tiradas, principalmente em uma delas –
a mais emblemática e polêmica por sinal – quando ele encontra no ‘set’ ninguém
menos que Bruce Lee (interpretado pelo ator Mike Moh). É hilário e produz uma
caricatura sem igual de ambos os personagens. Muito Show!
Tarantino também aposta muito em contar
histórias paralelas em seus filmes. Pequenos arcos, que delimitam o que cada
protagonista está em busca. Nessa mistura de histórias, vemos a ótima Margot
Robbie interpretando ninguém menos que a atriz Sharon Tate (que foi brutalmente
assassinada ainda grávida pelo psicopata Charles Manson em sua própria casa) e
que estava ali, paralelamente aos protagonistas masculinos da história,
divulgando seu filme e vivendo o bom momento de sua carreira. E ver a sua
abordagem em relação a atriz (essa existiu de verdade) é curiosa e
interessante. E também a maneira como ele cria seu desfecho no filme mostra um
pouco também sua forma de pensar em como ele queria que fosse de fato.
A enxurrada de referências, não só a
Hollywood daquela época como as incontáveis empresas, restaurantes e
empreendimentos que surgiram são minunciosamente retratados em tela. A riqueza
de conteúdo sobre aquele tempo, tanto em cenografia quanto em figurinos – com
as famosíssimas e badaladas calças ‘boca de sino’ – são uma ode a cultura e o
grande legado histórico que nos deixou aquele período da história do cinema.
Por esse motivo vale até ver novamente o filme para observar mais detalhes e
‘easter-eggs’ sobre esse passado interessante, curioso e muito emblemático. ^^
Dos pontos negativos. Algumas sequencias
envolvendo carros foram demasiadamente longas ao meu ver e isso, em minha
opinião, quebrou um pouco a cadência do filme. Em dados momentos, essas
cenas - que, partindo dele, são propositais
para, talvez, mostrar um estilo de vida mais regrado e lento dos anos 60/70 –
desaceleram demais e acabam por se tornar cansativas. E até o filme ‘engrenar’
novamente em algum momento cômico ou
dramático, cria-se um certo ‘vazio’ entende? E esse ‘buracos’, que fizeram a
película ter quase 3 horas, me incomodaram bastante. Não tira o brilho das
atuações e do restante, mas não me agradou tanto dessa vez como em outros
filmes de sua autoria.
Enfim, vale a pena ver o filme? MUITO
RECOMENDADO! Vale atentar que “Era uma vez em... Hollywood” é um filme adulto e
com algumas cenas bem fortes. Margot Robbie, Brad Pitt e Leonardo DiCaprio
estão primorosos em suas atuações e nos deixam realmente extasiados com suas
performances. É de fato mais um obra interessante e bem executada desse que é
um dos mais respeitados diretores de cinema da atualidade. Se curte seus
filmes, vale demais o ingresso!
Gostei dos post! Cris
ResponderExcluir👏👏👏
ResponderExcluirVocê é o cara, melhor análise
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