quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Filmes

ERA UMA VEZ EM... HOLLYWOOD (Avaliação 4/5 - Muito bom!)

Poster só tem fera! ;)

 O mais novo filme do renomado diretor Quentin Tarantino faz jus ao legado de boas performances sob sua direção. Vamos a análise!
 Tarantino tem uma estética bem peculiar em seus filmes e sempre retrata o período em que se passa suas obras com uma riqueza de detalhes ímpar. Cada ‘take’, cada foco, cada diálogo demorado e cadenciado, cada cena feita em plano-sequência, cada inversão de atos reflete um pouco da sua inventividade como diretor. E esse novo longa, onde ele transporta o espectador para o fim da década de sessenta, início dos anos setenta do século passado, aborda uma Hollywood a todo vapor na forma de um conto, de uma história fictícia do que ‘poderia ter sido, mas não foi’. E dentro dessa premissa vamos encontrar figuras extremamente caricatas como também personagens reais cujas histórias foram revisitadas sob a visão do diretor. 

Que TRIO meus amigos! Al Pacino, Brad Pitt e DiCaprio! :)
 Logo de primeira mão já destaco o olhar mais detalhado de como funcionava – e ainda funciona – a ‘indústria do cinema’. Vamos atentar para os personagens de Leonardo DiCaprio (Rick Dalton) e Brad Pitt (Cliff Booth). O primeiro, um ator de filmes de velho-oeste (muito comuns e recorrentes naquela época) tentando emplacar seu sucesso e se destacar no mundo das celebridades daquele tempo. O segundo, um dublê e melhor amigo de Rick, que está sempre bem disposto a manter sua postura quase que heroica de suprir as demandas de seu também chefe e amigo. Note que o primeiro é uma estrela muito bem paga que fica nos holofotes principais e tenta manter o respeito e sua dignidade como ator. O segundo, geralmente pega as situações mais pesadas e fica obscuro, vivendo a margem de seu mentor. O curioso é a forma como isso é retratado, demonstrando a diferença de padrão de vida entre um e outro, e fazendo se pensar o valor, ou quem sabe no sentido mais crítico do diretor a falta dele concernente ao dublê, que está por trás das câmeras fazendo seu papel mais árduo, porém é quem está a frente das telas que colhe os louros do sucesso. Observei isso atentamente como uma sutil crítica a como essa máquina funciona. E isso é tão automatizado em nossa mente que por vezes não damos nem um pouco conta disso. E ainda tem um terceiro: Al Pacino, que interpreta o personagem 'Marvin Shwarz', um empresário de olho nas tendências e fazendo a ponte entre os contratos dos filmes e séries. Tudo isso temperado com aquele humor bem sarcástico que só Quentin sabe fazer. 

Mike Moh interpreta Bruce Lee! Ótima performance! ^^
 Vale também ressaltar que DiCaprio rouba em muito momentos a cena com uma atuação espetacular e primorosa e faz jus ao seu legado como artista. Ele é um ator real que interpreta um ator que atua. Parece meio complicado de entender não é? (rsrs) Mas é isso mesmo. E sua interpretação beira a perfeição com expressões e sentimentos que criam uma altíssima empatia com seu personagem. O ‘timing’ das suas entradas, sejam elas cômicas ou dramáticas, são incríveis. Congratulações ao ator por tamanha qualidade e dramaticidade nas cenas! Já Pitt aposta suas fichas em procurar interpretar a ‘versão perfeita do amigo perfeito’ e em muitas cenas o faz de forma absurdamente criativa. Seu estilo calmo no falar, do tipo ‘sou da paz mas não mexe comigo’ (rsrs) lhe rende ótimas tiradas, principalmente em uma delas – a mais emblemática e polêmica por sinal – quando ele encontra no ‘set’ ninguém menos que Bruce Lee (interpretado pelo ator Mike Moh). É hilário e produz uma caricatura sem igual de ambos os personagens. Muito Show!
 Tarantino também aposta muito em contar histórias paralelas em seus filmes. Pequenos arcos, que delimitam o que cada protagonista está em busca. Nessa mistura de histórias, vemos a ótima Margot Robbie interpretando ninguém menos que a atriz Sharon Tate (que foi brutalmente assassinada ainda grávida pelo psicopata Charles Manson em sua própria casa) e que estava ali, paralelamente aos protagonistas masculinos da história, divulgando seu filme e vivendo o bom momento de sua carreira. E ver a sua abordagem em relação a atriz (essa existiu de verdade) é curiosa e interessante. E também a maneira como ele cria seu desfecho no filme mostra um pouco também sua forma de pensar em como ele queria que fosse de fato. 
 A enxurrada de referências, não só a Hollywood daquela época como as incontáveis empresas, restaurantes e empreendimentos que surgiram são minunciosamente retratados em tela. A riqueza de conteúdo sobre aquele tempo, tanto em cenografia quanto em figurinos – com as famosíssimas e badaladas calças ‘boca de sino’ – são uma ode a cultura e o grande legado histórico que nos deixou aquele período da história do cinema. Por esse motivo vale até ver novamente o filme para observar mais detalhes e ‘easter-eggs’ sobre esse passado interessante, curioso e muito emblemático. ^^

Ah a Margot Robbie...linda de todo jeito! <3
 Dos pontos negativos. Algumas sequencias envolvendo carros foram demasiadamente longas ao meu ver e isso, em minha opinião, quebrou um pouco a cadência do filme. Em dados momentos, essas cenas - que, partindo dele, são propositais para, talvez, mostrar um estilo de vida mais regrado e lento dos anos 60/70 – desaceleram demais e acabam por se tornar cansativas. E até o filme ‘engrenar’ novamente em algum momento cômico ou dramático, cria-se um certo ‘vazio’ entende? E esse ‘buracos’, que fizeram a película ter quase 3 horas, me incomodaram bastante. Não tira o brilho das atuações e do restante, mas não me agradou tanto dessa vez como em outros filmes de sua autoria.
 Enfim, vale a pena ver o filme? MUITO RECOMENDADO! Vale atentar que “Era uma vez em... Hollywood” é um filme adulto e com algumas cenas bem fortes. Margot Robbie, Brad Pitt e Leonardo DiCaprio estão primorosos em suas atuações e nos deixam realmente extasiados com suas performances. É de fato mais um obra interessante e bem executada desse que é um dos mais respeitados diretores de cinema da atualidade. Se curte seus filmes, vale demais o ingresso!



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