sexta-feira, 24 de outubro de 2025

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UMA BATALHA APÓS A OUTRA (Avaliação 4/5 - Muito bom!)

 Novo longa do diretor Paul Thomas Anderson é polêmico, contemporâneo e visceral. Vamos a análise!
 Política existe desde sempre. Uma das definições no dicionário é 'ciência ou arte de governar'. E todos nós, de alguma forma, governamos áreas em nossas vidas. Todavia, quando a disputa por poder se manifesta, é que vemos o quanto o ser humano pode ser escuso e amoral. É justamente o que trata essa produção. Uma ode ao fanatismo extremista e o quanto ele pode ser irônico, perturbador e sem pudor algum. E o diretor traz essa exposição de uma forma tão cadenciada, ao mesmo tempo que tão caótica, que Leonardo DiCaprio e Sean Penn entregam opostos literais tão vis e tão inescrupulosos que ambos estão fazendo papéis impecáveis em suas atuações. DiCaprio tem se tornado uma referência nesse tipo de dramaturgia, com tamanha competência e qualidade, que vem merecendo mais uma estatueta do Oscar. Veremos os porquês abaixo desse longa ser tão pertinente e interessante.

DiCaprio: atuação impecável.

 Caos político. Uma das abordagens mais conflitantes do longa é sobre construções e pontes que os personagens querem criar para si. Cada espectro político, seja do lado de 'Bob Ferguson' (DiCaprio) ou 'Coronel Steven' (Sean Penn) corrobora para essa afirmativa, pois no fim uma guerra começa a ser travada, não só literal, mas de poder também. Para de instaurar o caos, bastam oposições severas de opiniões. E o argumento narrativo do filme mostra que nem sempre os lados estão certos. E em verdade nem sempre vão estar. Equilíbrio é sempre a palavra-chave aqui. Todavia o diretor quis chacoalhar a árvore para mostrar os frutos podres de cada ideologia. E consegue esse feito com maestria.
 Fotografia impecável. Um ponto fortíssimo desse longa refere-se aos magistrais enquadramentos não só no registro dos diálogos - alguns infames e muito cômicos de DiCaprio -, como também nas cenas de ação e perseguição na estrada - atente-se para este ponto, querido leitor. O trabalho feito nesse último é tão brilhante que em certos momentos lembram um jogo de corrida. Tudo para destacar os personagens que estão envolvidos nessas cenas e trazer foco as suas motivações pessoais. Nada mais envolvente e merecedor de indicação ao Oscar 2026 na categoria. Excelente!
 Atuações memoráveis. DiCaprio tem se tornado uma enorme referência em atuação. Destaco fortemente um monólogo impecável dele em "Era uma vez...em Hollywood" que me fez enxergar ainda mais sua veia artística. E aqui ele produz seriedade e sarcasmo com pitadas agridoces de frustração de forma tão orgânica que mostra o quanto ele está confortável no papel. Sean Penn vive um personagem caricato que deveria ser sério, e é exatamente esse contraste que o faz trilhar um caminho tão convincente em sua atuação. Um personagem cujo poder sobe a cabeça, todavia se auto destrói com precisão surpreendente do ator. Não me surpreenderia indicações ao Oscar 2026 para DiCaprio (melhor ator) e Sean Penn (melhor ator coadjuvante). Ambos tem seus méritos pra isso.

Sean Penn: memorável caricatura.

 Enfim, vale a pena ver o filme? MUITO RECOMENDADO! "Uma batalha após a outra" polemiza a atualidade de uma forma tão visceral que ilustra a política espelhando comportamentos e trazendo a tona que nem tudo é tão correto e pertinente quanto parece. Quando ideias perdem o sentido para a pura disputa de poder e egocentrismo, ambos os lados perdem e se perdem com isso. Um filme imersivo e propositalmente caótico. Vale demais o ingresso!

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domingo, 12 de outubro de 2025

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A LONGA MARCHA - CAMINHE OU MORRA (Avaliação 4/5 - Muito Bom!)

 Nova adaptação de mais um dos livros de Stephen King é coroada com clima tenso e diálogos intensos. Vamos a análise!
 Imagine uma caminhada sem volta. Onde sonhos podem ser alcançados ou estraçalhados pelo caminho. Diante de tanta pressão, ânimos se exaltam, vidas são expostas e tudo parece realmente se tornar relativo. É nessa premissa ardilosa em que o filme se baseia. Há escassez naquela nação distópica e fictícia. E só há uma forma de vencer. Stephen King mais uma vez mostra o porquê é um dos grandes escritores da nossa geração. Para além dele, o diretor Francis Lawrence converte a obra original em uma grande odisseia em tela grande. E tem todos os méritos para essa comovente produção. Vejamos alguns porque abaixo!

Mark Hammil: comandante impiedoso.

 Elenco afiado. Não há dúvidas que as escolhas para essa jornada foram as mais acertadas. Primeiramente Mark Hamill cria uma atmosfera sórdida e dramática com seu personagem comandando toda a tropa do longa. Suas ações questionáveis ao longo trazem dura sensação para os competidores. O quarteto de protagonistas também estão alinhados com seus diálogos e transmitem toda a pressão que a película oferece, todavia criam laços de amizade tão fortes que reforçam momentos de pura aura juvenil. David Jonsson, Cooper Hoffman, Ben Wang e Tut Nyuot estão tão bem entrosados que a química entre eles durante o percurso é orgânica, inesperada e natural. Gosto da forma como o diretor trabalha com eles, criando um vínculo que se prova doloroso ao longo. Roman Griffin Davis faz uma participação curta, mas por ser o mais novo do grupo, o choque inicial é desproporcionalmente latente. Quem ver vai entender.
 Diálogos fortes. O filme não é exatamente sobre quem vence ou quem perde. É sobre construções narrativas que vão se desenhando ao longo e fazendo o espectador criar empatia por cada história, cada diálogo, cada linha melancólica dessa jornada, porque não dizer, humilhante. Não há bases sólidas sobre o futuro. Não há talvez sequer um futuro. E é exatamente isso que faz essa película ser tão reflexiva. É a jornada da vida contada em algumas horas na tela podendo ser interpretada de várias formas. Os que permanecem, os que se vão, o que chegam, os que nem sequer serão vistos. Entretanto todos deixam marcas. Profundas. Podes criar análises variadas sobre o que vês. O limite é a sua visão de mundo. E cada um terá a sua nesse longa.
 Fotografia filosófica. Em diversos momentos a fotografia esbarra nos cenários ricos e, por vezes, inóspitos dos locais pelos quais a tropa vai passar. E a câmera foca alguns segundos nesses locais. É uma forma triste de ver a realidade proposta nesse filme. O belo se encontra com o assombro. O vazio com o medo. E nem sempre a beleza será a sombra da realidade e vice-versa. O olhar contemplativo da fotografia pode ser bonito. Mas também pode ser perturbador. Depende muito da forma com que enxergamos o mundo a nossa volta. E isso é de uma frieza e delicadeza muito grande partindo da direção de fotografia. Um trunfo e uma qualidade ímpar - podendo ser forte candidato ao Oscar 2026 no quesito por essas questões.

Ótimo quarteto protagonista.

 Enfim, vale a pena ver o filme? MUITO RECOMENDADO! "A longa marcha - caminhe ou morra" é ver uma outra vertente de Stephen King em tela. Muito conhecido pelo terror, aqui ele mostra a vida em cada passo dado no longa. É uma caminhada constante rumo a, na verdade, o desconhecido. E nem sempre quem vence fica plenamente satisfeito com a vitória. Um filme cheio de camadas profundas para debates e conversas sobre. Vale demais assistir. Vale demais o ingresso!

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