A LONGA MARCHA - CAMINHE OU MORRA (Avaliação 4/5 - Muito Bom!)
Nova adaptação de mais um dos livros de Stephen King é coroada com
clima tenso e diálogos intensos. Vamos a análise!
Imagine uma
caminhada sem volta. Onde sonhos podem ser alcançados ou
estraçalhados pelo caminho. Diante de tanta pressão, ânimos se
exaltam, vidas são expostas e tudo parece realmente se tornar
relativo. É nessa premissa ardilosa em que o filme se baseia. Há
escassez naquela nação distópica e fictícia. E só há uma forma
de vencer. Stephen King mais uma vez mostra o porquê é um dos
grandes escritores da nossa geração. Para além dele, o diretor
Francis Lawrence converte a obra original em uma grande odisseia em
tela grande. E tem todos os méritos para essa comovente produção.
Vejamos alguns porque abaixo!
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Mark Hammil: comandante impiedoso. |
Elenco afiado. Não há dúvidas que as escolhas para essa jornada
foram as mais acertadas. Primeiramente Mark Hamill cria uma atmosfera
sórdida e dramática com seu personagem comandando toda a tropa do
longa. Suas ações questionáveis ao longo trazem dura sensação
para os competidores. O quarteto de protagonistas também estão
alinhados com seus diálogos e transmitem toda a pressão que a
película oferece, todavia criam laços de amizade tão fortes que
reforçam momentos de pura aura juvenil. David Jonsson, Cooper
Hoffman, Ben Wang e Tut Nyuot estão tão bem entrosados que a
química entre eles durante o percurso é orgânica, inesperada e natural. Gosto da forma como o diretor trabalha com eles, criando um
vínculo que se prova doloroso ao longo. Roman Griffin Davis faz uma
participação curta, mas por ser o mais novo do grupo, o choque
inicial é desproporcionalmente latente. Quem ver vai entender.
Diálogos fortes. O filme não é exatamente sobre quem vence ou quem
perde. É sobre construções narrativas que vão se desenhando ao
longo e fazendo o espectador criar empatia por cada história, cada
diálogo, cada linha melancólica dessa jornada, porque não dizer,
humilhante. Não há bases sólidas sobre o futuro. Não há talvez
sequer um futuro. E é exatamente isso que faz essa película ser tão
reflexiva. É a jornada da vida contada em algumas horas na tela
podendo ser interpretada de várias formas. Os que permanecem, os que
se vão, o que chegam, os que nem sequer serão vistos. Entretanto
todos deixam marcas. Profundas. Podes criar análises variadas sobre
o que vês. O limite é a sua visão de mundo. E cada um terá a sua
nesse longa.
Fotografia filosófica. Em diversos momentos a
fotografia esbarra nos cenários ricos e, por vezes, inóspitos dos
locais pelos quais a tropa vai passar. E a câmera foca alguns
segundos nesses locais. É uma forma triste de ver a realidade
proposta nesse filme. O belo se encontra com o assombro. O vazio com
o medo. E nem sempre a beleza será a sombra da realidade e
vice-versa. O olhar contemplativo da fotografia pode ser bonito. Mas
também pode ser perturbador. Depende muito da forma com que
enxergamos o mundo a nossa volta. E isso é de uma frieza e
delicadeza muito grande partindo da direção de fotografia. Um
trunfo e uma qualidade ímpar - podendo ser forte candidato ao Oscar
2026 no quesito por essas questões.
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Ótimo quarteto protagonista. |
Enfim, vale a pena ver o filme? MUITO RECOMENDADO! "A longa
marcha - caminhe ou morra" é ver uma outra vertente de Stephen
King em tela. Muito conhecido pelo terror, aqui ele mostra a vida em
cada passo dado no longa. É uma caminhada constante rumo a, na
verdade, o desconhecido. E nem sempre quem vence fica plenamente
satisfeito com a vitória. Um filme cheio de camadas profundas para
debates e conversas sobre. Vale demais assistir. Vale demais o
ingresso!
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