sábado, 7 de maio de 2022

Filmes

 DOUTOR ESTRANHO NO MULTIVERSO DA LOUCURA (Avaliação 4,5/5 - Excelente!)


 Com uma narrativa focada em parte na apresentação dos muitos universos da Marvel, novo longa da franquia empolga, mas poderia ser menos corrido. Vamos a análise!
 O multiverso, que antes era só um conceito no Universo Cinematográfico da Marvel, e passou pela série do ‘Loki’ criando sua natureza e identidade, finalmente se estabelece no novo longa de 'Stephen Strange' (Benedict Cumberbatch). A ideia de múltiplos universos não foi criada do zero. Muito além das páginas dos quadrinhos, ela existe inclusive como teoria científica real na qual alguns estudiosos já escreveram artigos falando sobre como, hipoteticamente, poderiam haver mundos coexistindo paralelos ao nosso (Stephen Hawking, famoso cientista já falecido fala um pouco sobre essa questão; veja aqui). E mesmo sendo um assunto voltado apenas para o campo da teoria pura e simples, sem nenhuma comprovação científica, é deveras fascinante poder ver esse tema sendo tratado em um filme com certo esmero e cuidado. Ainda mais se tratando de uma das mais bem sucedidas sequências de filmes de todos os tempos, que é esse universo criado da Marvel tanto para os cinemas quanto para o serviço de streaming Disney Plus. A cada nova película, expectativas e especulações são criadas e novas histórias são contadas. Mas esse filme em si consegue superar os nossos anseios? É o que veremos mais abaixo.
Strange, Wong, America: importantes na trama.

 A jornada de Strange começa quando ele conhece uma menina que tem o poder de atravessar realidades, conhecida pelo nome de America Chavez (Xochitl Gomez) e, a partir daí, o desenvolvimento da narrativa cria situações para que o protagonista viaje pelos universos – uma vez que ele foi oficialmente aberto em ‘Loki’ –  em busca de respostas para as situações que a trama oferece – sem spoilers por aqui. Já de início podemos destacar a versatilidade do ator vencedor de dois Oscars em interpretar várias personalidades de si mesmo em outros universos, dando um toque bem único a cada um deles e como esses acabam se tornando relevantes para a trama do filme em si. Sua identidade é a mesma, porém em cada universo são desenvolvimentos distintos construindo cada Strange. E essas várias facetas do mesmo personagem só corroboram com o quanto Cumberbatch é talentoso e polivalente. O mesmo se vê em Wanda Maximoff/Feiticeira Escarlate (Elisabeth Olsen). Embora algumas de suas nuances sejam um pouco menos distintas que a do protagonista, ainda assim não tira o mérito da atriz em interpretar ela mesma em várias realidades e o quanto isso tem um enorme peso para a trama como um todo, pelo fato de, em sua realidade principal, ela ter de lidar com as várias perdas ao longo de sua trajetória e o quanto isso trouxe uma grandiosa carga dramática para a heroína, muito bem trabalhada inclusive pela atriz. 

Wanda: motivações pertinentes, decisões erradas.

 O diretor Sam Raimi tem visões bem peculiares sobre seus filmes. Buscando criar uma identidade fortemente visual em suas obras, nesse aqui a proposta não soa diferente, até porque como está se tratando de múltiplas realidades, o conceito visual é implementado fortemente em cada uma delas, dando aspectos diferenciados e tons distintos para cada uma dessas realidades. Tudo bem elaborado e plasticamente muito bonito de se ver. Inclusive fazendo referências interessantes a todos os tipos de universo, inclusive o de ‘What If’ – série da Disney Plus que aborda histórias dos vastos e distintos mundos existentes em formato de desenho animado (quem assistir, vai entender). Ainda buscando beber de suas fontes, produz certa veia vinculada ao horror/terror, de maneira leve e bem comedida, uma vez que temos alguns ‘jump scares’ e algumas cenas que remetem aqui e ali a filmes sombrios e de zumbis. Tudo dentro do padrão narrativo do longa e abusando da estética visual para estabelecer a direção e o rumo que os acontecimentos descritos pelo roteiro irão tomar. Raimi definitivamente deixa sua marca estampada mais uma vez produzindo algo de muita qualidade, coeso (até porque explicar funcionalmente toda aquela história para o grande público não seria tarefa fácil; então ele apela um pouco para esse lado mais visual para isso) e estabelece um contexto narrativo que, apesar de bacana, ficou um tanto quanto corrido. E essa talvez seja uma das coisas que me incomodaram nesse filme. Estabelecer para o público a personagem-chave da trama, America Chavez, contando sua origem e motivações – que não foram de fato mostradas –, e concedendo mais um tempo na tela para que tudo fosse diluído com mais facilidade, talvez não trouxesse a percepção do quanto toda aquela narrativa visual acabou se tornando muito acelerada e, mesmo não sendo desconexa, essa correria em apressar alguns eventos não soou muito bem ao meu ver, justamente pelo fato de se apresentar tantas camadas e subtramas para o contexto, além do já estabelecido multiverso no filme. Certamente mais alguns minutos fariam muita diferença para uma construção mais cadenciada e bem mais polida na mente do espectador.
 Enfim, vale a pena ver o filme? RECOMENDADÍSSIMO! Mesmo sendo um tanto quanto corrido, “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” consegue ser coerente e apresentar o conceito do multiverso na prática de forma clara e pertinente ao público. Consegue não perder o ritmo nem oscilar sua trama em prol de oferecer ao espectador uma experiência um tanto quanto diferente da que estamos acostumados a ver no universo Marvel. Arca com suas subtramas, produzindo momentos incríveis e aparições épicas que irão somar muito ao ‘fan service’ já muito bem estabelecido para filmes desse tipo. Se és fã desse universo, pode ir que a diversão é certa. Vale muito o ingresso!


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