terça-feira, 15 de março de 2022

Filmes

BATMAN (Avaliação 4,5/5 - Excelente!)


 Com uma visão diferenciada das demais obras já produzidas do personagem, longa consegue a façanha de se renovar e se reinventar em meio a tantos filmes já lançados. Vamos a análise!
 Se existe um personagem que a Warner/DC tenta explorar a exaustão, esse certamente é o ‘Homem-Morcego’. Dono de uma intelectualidade e personalidade ímpares, o herói já foi retratado de diversas maneiras por diversos atores e diretores ao longo desde a sua criação em 1939. E era de se esperar um certo desgaste por conta da exposição desenfreada de um mesmo protagonista mostrada a esmo em um período muito curto de tempo (referindo-me neste caso cerca de vinte anos para cá, onde já tivemos cerca de três versões diferentes). Porém ‘Bruce Wayne’ tem força em todas as mídias em que ele já esteve presente. Suas múltiplas facetas nunca são sempre totalmente exploradas. E o diretor Matt Reeves tratou de pegar algumas dessas características inexploradas nos filmes e produziu, por mais incrível que possa parecer, um longa com frescor e ares de novidade como ainda não se tinha visto nas telonas. Com uma trama voltada muito mais para o lado investigativo do herói, o diretor conseguiu introduzir conceitos interessantes e renovados para ‘Batman’ e revitalizar mais uma vez o personagem em tela, o que abre portas para uma nova leva de filmes do querido protagonista.
Pattinson e Zoe: boa química.

 Uma das características mais fortes de Reeves em relação a estética adotada nas filmagens foi a execução de tons escurecidos envolvidos com camadas de cores bem destacadas, no melhor estilo cinema ‘Noir’ (mais detalhes sobre esse conceito aqui). E o grande acerto dessa estética diz respeito ao tom do filme. Como todo o longa soa muito como um filme policial de investigação, nada mais justo e aceitável que se percebesse a trama e o roteiro pelo olhar imaginativo do espectador. Pela estética do filme o público já percebe quais camadas a produção vai ter e boa parte do suspense e do teor do longa estão impregnados em tela com essa característica. E é nessa abordagem visual muito peculiar que o filme vai se revelando dentro de suas quase três horas de duração.
 Juntamente com a narrativa visual que a produção oferece, ela também conta com uma trama envolvente e que trafega pelo mar da complexidade vez por outra, aplicando muitas camadas tanto na história do protagonista quanto do antagonista da vez, que é o vilão ‘Charada’ (que, inclusive, consegue ser bem assustador e tão pesado quanto o ‘Coringa’ dos filmes do diretor Christopher Nolan). Ambos são extremamente bem trabalhados no quesito construção de personagens e fazem o espectador terem a real noção de como cada um é de fato (inclusive mostrando um ‘Batman’ novato e em início de carreira, quando muitos ainda não o conheciam como de fato ele é), suas motivações e suas reais intenções. E não só eles, a personagem ‘Mulher-Gato’, vivida pela atriz Zoe Kravitz, também tem diversas camadas na sua personagem e reproduz muito bem todas as faces da anti-heroína para o espectador, gerando alguma empatia em relação a ela também. A única questão aqui em torno desse trio – trama, roteiro e narrativa – é a condução da forma como o filme foi editado e produzido. Há certos momentos que claramente ele perde o ritmo e os diálogos – principalmente os de tom investigativo – acabam se estendendo demais e diminuindo a cadência do filme. Nesse ponto achei que faltou só um pouquinho mais de objetividade e dinamismo para que esse contexto de investigação – que ficou ótimo ao meu ver – não ficasse um tanto quanto prejudicado por conta das prolongadas cenas e ‘takes’ demorados ao longo. Não tira o brilho de todo o filme, mas gera certo incômodo em alguns momentos da projeção.

Charada: assustador e brutal.

 Da espetacular e escura fotografia aos efeitos práticos e CGIs, tudo acontece em tela de forma fluida e estabelece uma boa conexão com todo o contexto narrativo do filme. Os figurinos também estão muito bem trabalhados e a ambientação melancólica de Gothan City urge em meio ao caos em que a cidade sempre foi e se encontra naquele ambiente. A própria visão fechada de Bruce, muito bem interpretada por Robert Pattinson, corrobora com tudo o que está sendo referenciado neste parágrafo, pois todos os aspectos técnicos da produção se encontram juntamente com a dramatização dos personagens centrais, o que realmente faz-se entender o porquê de todas as escolhas visuais do diretor para o longa.
 Enfim, vale a pena ver o filme? RECOMENDADÍSSIMO! Matt Reeves conseguiu fazer desse novo ‘Batman’ algo realmente relevante nas telas para a mitologia do ‘Homem-Morcego’. Um filme bem mais intimista, com belíssimas atuações, um roteiro extremamente impecável com camadas profundas para cada personagem envolvido e um desfecho que foge a lógica dos tradicionais desfechos de filmes de super-heróis, subvertendo a narrativa e surpreendendo o espectador com sua conclusão magistral e, porque não dizer, apoteótica. Um filme para ser apreciado como que se estivesse folheando calmamente uma história em quadrinhos do personagem. Vale demais o ingresso!

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