HBO MAX: MORTAL KOMBAT (Avaliação 3/5 - Bom!)
Com seus prós e contras, reboot
da famosa franquia de jogos alcança o feito de divertir sem ser
plenamente convincente. Vamos a análise! ^^
A franquia de
jogos de luta ‘Mortal
Kombat’ se revelou pela primeira vez ao mundo no ano de 1992, com
dinâmicas extremamente sofisticadas para época. Com combates
realistas e mecânicas inovadoras, foi um grande sucesso de público
e crítica,
acumulando algumas belas polêmicas também. Justamente por conta do
seu contexto, onde lutadores criados digitalmente (através de
pessoas reais) digladiavam até a morte em
busca de ser o grande campeão do torneio de mesmo nome, fizeram com
que vários órgãos fiscalizadores daquele período se levantassem
em prol de uma legislação mais rigorosa para os games. Sim, foi por
causa desse game que foi criado os limites de faixas etárias nos EUA
para procurar manter o eixo entre o que se podia considerar adulto ou
não.
Mas nem todas as polêmicas que o game abraçou fizeram
ele deixar de ser o sucesso que foi e que ainda é. Tanto que ainda
na década de 90 foram lançados 2 filmes em sequência (sendo o
primeiro o melhor deles e o mais relevante até hoje) e vários
outros produtos que tornaram a marca em uma das mais fortes do
mercado de games. Embora a empresa que criou o game não soube
administrar de forma coesa o que ela tinha em mãos e embarcou em
diversos jogos (principalmente
após o MK4 em diante) que não
foram tão bem e oscilavam muito em qualidade, era o nome da franquia
que ainda se sustentava no mercado. Até que, após um hiato, a
Warner, que estava já interessada em entrar no mercado de games,
convida os criadores do jogo original para trabalharem em sua divisão
de jogos, onde encontraram
o espaço necessário para fazer o game se tornar novamente tão
relevante quanto ele havia sido no início. Chega as prateleiras em
2011 o MK9 com uma
total reformulação visual, porém
mantendo as antigas mecânicas que
fizeram dele grande e o
game voltou ao topo novamente no quesito relevância e hoje é mais
uma vez um dos destaques
no mercado. E é aí que entramos em definitivo para falar do reboot
da franquia nos cinemas,
pois todo esse passeio sobre um pouco da história de MK era
necessário para se situar esse filme de 2021, já
que ele foi lançado justamente pela Warner.
![]() |
Liu Kang e Kung Lao. |
Já havia rumores sobre a
produção desse filme há tempos, porém sua falta de informação
chegou a parecer que o mesmo nunca iria sair. Mas agora ele já está
entre nós e posso dizer que como um pouco conhecedor da franquia, o
misto alegria pelo ótimo fan service e o roteiro adaptado
para inserir um personagem que não existe em nenhum dos jogos me fez
ter reações em extremos opostos. Vibração e frustração me
acometiam a cada novo instante e a cada nova cena que faziam, pois
como disse lá no início, vi prós e contras, dos quais agora posso
destacar aqui para vocês, queridos leitores.
Como fã de
games, não pude deixar de perceber o cuidado em manter a
caracterização dos personagens muito bem feita. A escolha dos
atores (mesmo com o baixíssimo orçamento para o filme)
em sua maioria foram satisfatórias e souberam apresentar seus
lutadores de forma digna. Os detalhes que identificam cada um em seus
figurinos me trouxe boas lembranças dos jogos, e é isso que um bom
fan service tem de ter.
Os efeitos especiais, mesmo para o
baixo orçamento, também ajudam e muito nessa caracterização. São
simples, porém são muito bem posicionados e colocados na hora
correta e da maneira mais adequada para cada um dos lutadores,
fazendo com isso um grande trabalho de manter a identidade visual de
cada um intacta. Os golpes, as magias, os ‘fatalities’ e tudo
mais que cerca esse universo estão lá com certo esplendor e
com um toque de fidelidade até de certa forma alto.
Realmente nesse quesito puseram tudo em seu devido lugar para os fãs
mesmo. O que faz a
comunidade gamer ser grata por isso. ;)
Outro ponto que produz
vida na película são as coreografias de luta. Muito bem executadas
e pontuadas (até porque alguns ali que protagonizam o filme são
dublês para cenas de luta e ação mesmo), fazem-nos contemplar
diversos bons momentos de confrontamento em tela. E mais uma vez
contribuindo para a identidade visual de cada um deles, pois os
estilos de luta foram preservados em cada um dos personagens e
ajudaram também para a produção do fan service. ^^
![]() |
Lord Raiden. |
Mas o grande antagonista desse
filme não é exatamente seu principal vilão, Shang
Tsung (bem interpretado
pelo ator por sinal), e sim o roteiro adaptado desse longa. Criado
para inserir o protagonista Cole Young, que nunca apareceu em nenhum
dos games, trouxe a mim a sensação de que queriam empurrar goela
abaixo do espectador e do fã algo que ele não exatamente gostaria.
O primeiro ato do longa é muito bacana, inclusive contando com boas
cenas a rivalidade dos clãs de Scorpion e Sub-Zero. Porém
é ao apresentar Cole que o longa, ao meu ver, desanda na história.
Sem o carisma que vários protagonistas da franquia tem, ele não
funciona no contexto, não cria empatia com o público e é conectado
a um personagem extremamente importante de uma maneira que não faz
nenhum sentido. Ele ganha um protagonismo totalmente sem brilho
(sendo que a franquia tem, além do Liu Kang como principal, outros
que facilmente brilhariam tranquilamente com o protagonismo, como o
caso de Raiden, por exemplo). E
nesse ponto é meio
decepcionante ver em como os produtores/roteiristas transformam a
obra original em uma gama de tramas distintas só pela alegação de
‘alcançar um público que seja fora dos games’. Esse é um
argumento que não faz sentido quando se tem uma franquia com um nome
forte o suficiente para se sustentar em tela sozinha. O público já
iria pela marca (que vende milhões nos games e tem peso na
indústria) e não havia nenhuma necessidade de ‘complementação’.
E digo: a história que
foi contada e a trama não foram de todo ruins e seriam perfeitamente
plausíveis para o público geral (até a ideia de se ter o símbolo
do torneio no corpo passava batido – isso não existe nos games
também). Mas é como eu disse em algum outro ponto desse texto:
vibração e frustração bateram e oscilaram muito forte por isso.
Lamentável.
Enfim, vale a pena ver o filme? RECOMENDADO! Mesmo
com um roteiro não tão convincente (muito
pela ideia de um desconhecido protagonista e de insistentemente se focar nele, deixando os do jogo um bocado de lado),
“Mortal Kombat” tem sim seus méritos e encantos pelo seu visual
funcional, suas cenas de luta intensas e bem marcadas, seus
ótimos figurinos e, no
caso do Brasil, pelo ótimo trabalho na dublagem, que soube fazer
muito bem seu dever de casa. Se é um ávido fã da franquia e de sua
história, vá preparado, pois será
uma mistura mesmo de sensações. Mas, no geral, acredito muito que o
quesito diversão acabe por ser o fator que possa agradar. Se
conseguir curtir o todo, vale sim o ingresso!
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