quarta-feira, 9 de junho de 2021

Filmes

 HBO MAX: MORTAL KOMBAT (Avaliação 3/5 - Bom!)


 Com seus prós e contras, reboot da famosa franquia de jogos alcança o feito de divertir sem ser plenamente convincente. Vamos a análise! ^^
 A franquia de jogos de luta ‘Mortal Kombat’ se revelou pela primeira vez ao mundo no ano de 1992, com dinâmicas extremamente sofisticadas para época. Com combates realistas e mecânicas inovadoras, foi um grande sucesso de público e crítica, acumulando algumas belas polêmicas também. Justamente por conta do seu contexto, onde lutadores criados digitalmente (através de pessoas reais) digladiavam até a morte em busca de ser o grande campeão do torneio de mesmo nome, fizeram com que vários órgãos fiscalizadores daquele período se levantassem em prol de uma legislação mais rigorosa para os games. Sim, foi por causa desse game que foi criado os limites de faixas etárias nos EUA para procurar manter o eixo entre o que se podia considerar adulto ou não.
 Mas nem todas as polêmicas que o game abraçou fizeram ele deixar de ser o sucesso que foi e que ainda é. Tanto que ainda na década de 90 foram lançados 2 filmes em sequência (sendo o primeiro o melhor deles e o mais relevante até hoje) e vários outros produtos que tornaram a marca em uma das mais fortes do mercado de games. Embora a empresa que criou o game não soube administrar de forma coesa o que ela tinha em mãos e embarcou em diversos jogos (principalmente após o MK4 em diante) que não foram tão bem e oscilavam muito em qualidade, era o nome da franquia que ainda se sustentava no mercado. Até que, após um hiato, a Warner, que estava já interessada em entrar no mercado de games, convida os criadores do jogo original para trabalharem em sua divisão de jogos, onde encontraram o espaço necessário para fazer o game se tornar novamente tão relevante quanto ele havia sido no início. Chega as prateleiras em 2011 o MK9 com uma total reformulação visual, porém mantendo as antigas mecânicas que fizeram dele grande e o game voltou ao topo novamente no quesito relevância e hoje é mais uma vez um dos destaques no mercado. E é aí que entramos em definitivo para falar do reboot da franquia nos cinemas, pois todo esse passeio sobre um pouco da história de MK era necessário para se situar esse filme de 2021, já que ele foi lançado justamente pela Warner.

Liu Kang e Kung Lao.

 Já havia rumores sobre a produção desse filme há tempos, porém sua falta de informação chegou a parecer que o mesmo nunca iria sair. Mas agora ele já está entre nós e posso dizer que como um pouco conhecedor da franquia, o misto alegria pelo ótimo fan service e o roteiro adaptado para inserir um personagem que não existe em nenhum dos jogos me fez ter reações em extremos opostos. Vibração e frustração me acometiam a cada novo instante e a cada nova cena que faziam, pois como disse lá no início, vi prós e contras, dos quais agora posso destacar aqui para vocês, queridos leitores.
 Como fã de games, não pude deixar de perceber o cuidado em manter a caracterização dos personagens muito bem feita. A escolha dos atores (mesmo com o baixíssimo orçamento para o filme) em sua maioria foram satisfatórias e souberam apresentar seus lutadores de forma digna. Os detalhes que identificam cada um em seus figurinos me trouxe boas lembranças dos jogos, e é isso que um bom fan service tem de ter.
 Os efeitos especiais, mesmo para o baixo orçamento, também ajudam e muito nessa caracterização. São simples, porém são muito bem posicionados e colocados na hora correta e da maneira mais adequada para cada um dos lutadores, fazendo com isso um grande trabalho de manter a identidade visual de cada um intacta. Os golpes, as magias, os ‘fatalities’ e tudo mais que cerca esse universo estão lá com certo esplendor e com um toque de fidelidade até de certa forma alto. Realmente nesse quesito puseram tudo em seu devido lugar para os fãs mesmo. O que faz a comunidade gamer ser grata por isso. ;)
 Outro ponto que produz vida na película são as coreografias de luta. Muito bem executadas e pontuadas (até porque alguns ali que protagonizam o filme são dublês para cenas de luta e ação mesmo), fazem-nos contemplar diversos bons momentos de confrontamento em tela. E mais uma vez contribuindo para a identidade visual de cada um deles, pois os estilos de luta foram preservados em cada um dos personagens e ajudaram também para a produção do fan service. ^^


Lord Raiden.

 Mas o grande antagonista desse filme não é exatamente seu principal vilão, Shang Tsung (bem interpretado pelo ator por sinal), e sim o roteiro adaptado desse longa. Criado para inserir o protagonista Cole Young, que nunca apareceu em nenhum dos games, trouxe a mim a sensação de que queriam empurrar goela abaixo do espectador e do fã algo que ele não exatamente gostaria. O primeiro ato do longa é muito bacana, inclusive contando com boas cenas a rivalidade dos clãs de Scorpion e Sub-Zero. Porém é ao apresentar Cole que o longa, ao meu ver, desanda na história. Sem o carisma que vários protagonistas da franquia tem, ele não funciona no contexto, não cria empatia com o público e é conectado a um personagem extremamente importante de uma maneira que não faz nenhum sentido. Ele ganha um protagonismo totalmente sem brilho (sendo que a franquia tem, além do Liu Kang como principal, outros que facilmente brilhariam tranquilamente com o protagonismo, como o caso de Raiden, por exemplo). E nesse ponto é meio decepcionante ver em como os produtores/roteiristas transformam a obra original em uma gama de tramas distintas só pela alegação de ‘alcançar um público que seja fora dos games’. Esse é um argumento que não faz sentido quando se tem uma franquia com um nome forte o suficiente para se sustentar em tela sozinha. O público já iria pela marca (que vende milhões nos games e tem peso na indústria) e não havia nenhuma necessidade de ‘complementação’. E digo: a história que foi contada e a trama não foram de todo ruins e seriam perfeitamente plausíveis para o público geral (até a ideia de se ter o símbolo do torneio no corpo passava batido – isso não existe nos games também). Mas é como eu disse em algum outro ponto desse texto: vibração e frustração bateram e oscilaram muito forte por isso. Lamentável.
 Enfim, vale a pena ver o filme? RECOMENDADO! Mesmo com um roteiro não tão convincente (muito pela ideia de um desconhecido protagonista e de insistentemente se focar nele, deixando os do jogo um bocado de lado), “Mortal Kombat” tem sim seus méritos e encantos pelo seu visual funcional, suas cenas de luta intensas e bem marcadas, seus ótimos figurinos e, no caso do Brasil, pelo ótimo trabalho na dublagem, que soube fazer muito bem seu dever de casa. Se é um ávido fã da franquia e de sua história, vá preparado, pois será uma mistura mesmo de sensações. Mas, no geral, acredito muito que o quesito diversão acabe por ser o fator que possa agradar. Se conseguir curtir o todo, vale sim o ingresso!



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