TROLLS 2 (Avaliação 4/5 - Muito bom!)
Animação ‘Trolls’ fala sobre música de forma discontraída
mas revela uma crítica ao ritmo ‘pop’ por transcender a linha de
seus próprios limites. Vamos a análise!
Uma história contada
sob a perspectiva fofa de pequenos seres que vivem em harmonia com
seus ritmos. Um pretexto para revelar todo um pano de fundo
crítico-narrativo sobre a indústria global da música e seus
efeitos na mente e no cotidiano das pessoas. Um rorteiro genial
escrito sob a forma de uma colorida e alegre trama. É assim que
consigo enxergar ‘Trolls 2’. Bem além das entrelinhas, o filme
faz muitas alusões criativas a esse vasto contexto musical global e
deixa explícito as diversas nuances e peculiaridades que cada ritmo
possui.
A impressão logo no início é a de que, no mundo dos
‘trolls’, o único e legítimo ritmo que existe para eles é o
‘pop’. Até descobrirem que eles nunca estiveram sozinhos. E isso
traz uma percepção muito bacana de como a música é segmentada e
cada gênero musical tem suas ‘tribos’ bem definidas, pois eles
logo descobrem que existem outros ‘trolls’ de estilos
diversificados e mais ainda, que a rainha do Rock ‘Barb’ está
invadindo os outros mundos para unificar todos os segmentos e
transformar tudo em um unico ritmo. Daí para para pensar: a
subejtividade do roteiro reproduz exatamente o mundo musical como ele
mesmo se vê: fragmentado e tematizado cada qual para o seu público.
E a produtiva mescla de fatores que transbordam na animação para
dar ênfase as críticas são contundentes e palpáveis, tornando seu
contexto ainda mais rico e pertinente.
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Os protagonistas! |
Bem ali pro fim dos anos
cinquenta, o ‘pop’ surgiu e ganhou muita força desde então. E
ao longo desses anos todos para cá, o estilo musical foi ganhando
formas padronizadas que muito se assemelham em tons e acordes, o que
deixa, por exemplo, fãs do Rock e de sua estrutura musical e
artística um tanto quanto mais harmoniosa e elaborada contrariados
por ver algo que eles consideram ‘musicalmente pobre’ fazer tanto
sucesso. E é nesse contexto que animação brilha e faz surgir o tom
da crítica, pois em todo tempo a ‘antagonista’ (entre aspas,
pois os objetivos dela não são exatamente ruins, visto que sua
‘vilania’ é composta pela ótica orgulhosa de seu olhar) roqueira
enfatiza o pop como ‘sem graça’ e ‘grudento’ (em algumas
partes da animação ela diz claramente isso), afirmando não ser um
estilo realmente bem produzido ou elaborado. E esse produtivo embate
é o que faz tudo ter sentido. Se por sua vez o público que de fato
curte Rock detesta musica Pop (e eu conheço pessoas assim), quem se
agrada da leveza desse ritmo acaba abraçando um pouco de tudo
entende? E é exatamente assim que a narrativa conduz a história,
permeando sua trama com vários outros ritmos musicais (Country,
Funk, Dance, Erudito, Hip-Hop e até ritmos mais recentes, como K-pop e
afins), levando a personagem que é rainha do Pop ‘Poppy’ a
querer transcender barreiras e procurar respeitar a diversidade que
os estilos musicais reproduzem. Em contrapartida, para a rainha do
Rock ‘Barb’, nenhum som é tão relevante quanto seu estilo
musical. Percebe aí a grande sacada da animação? Particularmente
achei isso genial, tanto na condução quanto na execução do
roteiro, pois tanto o segundo ato quanto o desfecho trabalham
incessantemente para que essas diferenças sejam exploradas,
enriquecendo o conteúdo da animação e a tornando em um belo 'mix' de
realidades, diluídas em cada uma das personagens apresentadas na
trama, com seus estilos, suas gírias, suas interpretações sobre
cada um dos ritmos. Só nesse aspecto a animação já ganhou meu
respeito.
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Poppy e Barb! |
Um outro detalhe que me chamou muito a atenção foi
o estilo da CGI usado. Lembrando muito jogos como ‘Little Big
Planet’ (quem conhecer o game vai se ligar) a textura dos cenários
remete muito a esse estilo gráfico: mais cartunesco, porém com uma
arte a sua volta lembrando coisas reais (como itens costurados a mão,
tais como pelúcias e almofadas). E eu particularmente acho esse
estilo artístico muito bonito e impressionante, de certa forma (o
game citado aí ganhou muitos prêmios em seu lançamento por conta
de toda essa qualidade visual inovadora para época). Parabéns a
equipe ‘DreamWorks’ por todo esse cuidado e escolhas na produção
e caracterização dos personagens e cenários.
Enfim, vale a
pena ver o filme? MUITO RECOMENDADO! Com uma bela homenagem aos mais
variados estilos musicais, “Trolls 2” vai muito além de ser um
filme musical e interage com o público de forma peculiar, esbanjando
respeito a diversidade desses e declarando que todos eles podem viver
harmoniosamente em um mundo fragmentado de estilos. A diversão é
garantida em todos os aspectos, tanto para o olhar mais crítico
quanto para o mais inocente. Vale muito o ingresso!
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