CORINGA - DELÍRIO A DOIS (Avaliação 3/5 - Bom!)
Novo longa de Todd Phillips não acerta o tom e entrega um visual
artístico impecável com uma história totalmente avessa ao
original. Vamos a análise!
O filme "Coringa" de 2019
foi um feito histórico para a Warner/DC, pois foi o primeiro filme
que conta a história de um vilão com teor adulto a ultrapassar a
marca do bilhão de dólares. Muitos elogios, prêmios e um Oscar
merecido para Joaquin Phoenix na pele do mais conhecido antagonista
do Batman. Muito se especulou se havia mesmo a necessidade de uma
continuação, até porque o longa anterior se fecha muito bem em si
mesmo, de forma que não haveria mais nenhuma narrativa subsequente
para contar. Mas a insistência do estúdio e a ganância por
dinheiro deram livre acesso ao diretor para construir um segundo
capítulo dessa saga. Pois bem, cinco anos depois e estamos aqui
vendo que nem sempre o belo ou o artístico funciona. Mesmo com Lady
Gaga compondo o astronômico elenco, "Delírio a Dois"
falha no básico: ser relevante para o público em geral. Vamos ver
um pouco dos acertos e erros dessa película nos parágrafos abaixo.
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Gaga e Phoenix: ótimos em cena. |
Ideias mal contadas. Não me leve a mal, mas eu não vejo nenhum
problema em musicais. Desde que eles se conectem narrativamente com
a trama principal, acho que se torna um evento artístico belíssimo
ao longo ("Wonka" está aí para provar isso). Todavia o
que choca o tempo todo é o porquê e o para quê esticar uma
narrativa tão bem amarrada sob a demanda de querer contar o que já
não havia mais para se contar? Tudo bem que o longa traz o julgamento de
Arthur Fleck de forma brilhante, principalmente pela atuação
impecável do ator protagonista. Mas, as nuances que levam ao
desfecho do longa são tão mal encaixadas que você fica a pensar o
porquê do primeiro filme ter existido. Não há justificativas que
construam pontes seguras entre o primeiro e o segundo filme. Parecem
continuações de um mesmo personagem que não se relacionam entre
si, principalmente no que diz respeito a sua personalidade. Por mais
que o diretor tenha uma visão concreta do rumos que ele queria para
o protagonista, na execução vemos o quanto isso não teve valor
literário nenhum, uma vez que, por mais que ele quisesse dar seu
contorno a história, parece que ele se esqueceu de que estamos
falando de um personagem de quadrinhos com uma personalidade muito
bem definida e muito bem delineada na literatura de onde ele vem. E
esse é o grande ponto de desencontro do segundo longa. Tentar
construir a 'visão do diretor' desconstruindo tudo o que o
antagonista representa em sua essência. Uma falha que o espectador
em geral não recebeu e nem aceitou.
Narrativa musical. Sei
que muitos não gostam desse gênero, mas aqui estão mais alguns
comentários sobre a premissa musical do filme. Sempre que uma
produção aborda esse tema, ela precisa ter uma perfeita execução
com a história que está sendo contada. E nesse ponto, o filme tem
sim seus pontos positivos, pois a narrativa também é contada nas
canções encontradas no longa. O advento da música se conecta com a
trama e o roteiro e trazem mais entendimento ao contexto narrativo.
Mesmo que o longa não tenha funcionado como deveria e não tenha
entregado o que o espectador gostaria, concedo-me ao luxo de elogiar
a parte musical muito bem trabalhada, coreografada e com uma
fotografia impecável ao longo. O que faltou foi mais sensibilidade
para entregar ao público quem o personagem realmente é, pois
infelizmente não há como negar a discrepância de personalidade do
protagonista do primeiro para o segundo filme. Uma pena.
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Fotografia linda e bem produzida. |
Enfim, vale a pena ver o filme? RECOMENDADO! "Coringa - Delírio
a Dois" pode até ser um bom filme para quem gosta do gênero
musical ou conhece muito pouco sobre seu protagonista. Mas certamente
para a a base de fãs que procuravam encontrar mais do carismático
vilão, não houve conexão. É por isso que se torna tão difícil
estabelecer a linha entre o assistir ou não. Pode ser que goste,
caro leitor, ou pode ser que não. Dessa vez deixo sob sua
responsabilidade decidir, pois já expus meus prós e contras por
aqui. Até!