"Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te'' Apocalipse 3.19
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sexta-feira, 21 de maio de 2021
Bíblia
"Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te'' Apocalipse 3.19
segunda-feira, 10 de maio de 2021
Filmes
JUDAS E O MESSIAS NEGRO (Avaliação 4/5 - Muito Bom!)
Luta por direitos humanos e preconceito racial é o principal tema
desta obra cinematográfica. Vamos a análise! ^^
O ano é
1968. Um tempo de incertezas e injustiças que ficaram na memória de
muitas pessoas. Nesse ano se levanta um homem de coragem, Fred
Hampton e funda o Partido dos Panteras Negras. Uma resposta a
sociedade americana da época, extremamente elitista, partidária e
racista. A criação do grupo intenta fortalecer a comunidade negra
dos EUA, mais precisamente do Estado de Illinois. Um movimento que
lutava para que um mundo mais justo e mais igualitário fosse
definitivamente estabelecido. O movimento começa a ganhar forma e
força. E com isso, começa a trazer a desconfiança das autoridades
(o FBI era formado somente por pessoas de pele branca naquele
período). Até o momento que na luta por justiça e igualdade
social, o próprio FBI usa um camarada negro para se infiltrar no
Partido e colher informações. O desfecho é parte que muitos livros
de História preferem fazer questão de esconder.
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Daniel Kaluuya: Grande atuação! |
Fred Hampton, o homem por trás dessa empreitada, era jovem mas
tinha um ideal muito bem definido em sua mente e seu coração:
combater a tentativa de reprimir pessoas que, por conta de sua cor de
pele, não tinham os mesmos direitos que outras. Ele se tornou uma
ativista de respeito em seu tempo, por sua forma convicta e seus
projetos bem fundamentados. Ajudava crianças de seu povo todos os
dias com alimentação e ensino. Tinha visão plena de igualdade.
Muito bem interpretado por Daniel Kaluuya, o ator consegue transmitir
com maestria e perfeição toda a coragem e bom siso desse que só
queria, de certa forma, uma sociedade melhor. Kaluuya simplesmente
brilha em todo o tempo da projeção retratando parte também de sua
história, porque não assim dizer (Hollywood também era muito
preconceituoso com atores negros e houve por muitos anos uma enorme
segregação por parte da indústria do cinema com isso) e demonstra
claramente a sua competência em atuar e o motivo pelo qual ele
merecidamente levou o Oscar 2021 como ‘Melhor ator coadjuvante’
nesse filme. Com alguns bons trabalhos no currículo, como ‘Corra’
(2017) e ‘Pantera Negra’ (2018), a consagração finalmente veio
em 2021 com esta performance. Parabéns!
Lakeith Stanfield também protagoniza outro importantíssimo
contraponto dessa história. Ele interpreta Bill O’Neil, um jovem
de 18 anos que, preso a época por ser um ladrão de carros, teve seu
direito a liberdade com uma intrigante e incômoda condição: se
infiltrar no Partido dos Panteras Negras e levar informações ao FBI
sobre tudo o que se passava ali. Foi o grande pivô da covardia que
deu fim (temporário, talvez) a justa luta de tantos que ali criam em
prol de um povo tão sofrido e perseguido naquele tempo. Somente
muitos anos depois foi descoberto seu envolvimento nos acontecimentos
que se sucederam e através de um entrevista que dera no ano de 1989,
ele conta com mais detalhes sobre o ocorrido naquele tempo e como
tudo atingiu o doloroso desfecho. Aqui também o ator brilha com uma
sólida interpretação de algoz e traidor de seu próprio povo.
Consegue reproduzir cenas grandiosas tanto de alívio cômico (mesmo
em meio aquela tensa situação) quanto momentos de confrontamento
pessoal quando precisa executar o plano do FBI pra se manter em
liberdade. Magnífico!
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Bill (Lakeith Stanfield): traidor. |
A estética do longa reproduz de forma fidedigna todo o contexto da
década de 60 com muita propriedade. A fotografia se encarrega de
enaltecer os figurinos e toda ambientação e tensão dessa narrativa
sem perder o foco do que realmente era o mais relevante: a
dramatização de um evento histórico que contribuiu muito para que
pudéssemos chegar ao que temos em nossa sociedade hoje. Talvez ainda
não seja o ideal. Mas certamente trouxe uma pequena luz a um mundo
que ainda é tão injusto e tão desigual.
Enfim, vale a pena
ver o filme? MUITO RECOMENDADO! Indicado também na categoria de
‘Melhor filme’ do Oscar 2021, “Judas e o Messias Negro”
reproduz um cenário que se repete por muitas gerações: a de que
somente com lutas conseguiremos corrigir ou, ao menos, minimizar
tantas situações extremamente desproporcionais que vivemos. Prova
que a batalha diária pela vida e pela igualdade é um terreno áspero
que temos de fato que trilhar. Se interessa a você, querido leitor,
conhecer um pouco mais da História que alguns livros não te contam,
esse filme certamente vai te interessar. Vale muito o ingresso!